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Drogas anti-HIV podem combater vírus associado ao câncer de próstata

Embora não se saiba o papel que XMRV exerce, pesquisadores demonstraram que medicamentos potentes contra o HIV podem combatê-lo.

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Por root
Atualização:

Há menos de um ano, pesquisadores demonstraram que o retrovírus XMRV - descoberto em 2006 - poderia tanto ser responsável por alguns casos de câncer de próstata como pela síndrome da fadiga crônica. Agora, pesquisadores da Universidade Emory, Atlanta Veterans Affairs Medical Center e Universidade de Utah, nos EUA, mostram que quatro medicamentos usados para tratar a aids podem inibir sua atuação no organismo.

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Embora não se saiba o papel que o XMRV exerce para levar ao desenvolvimento das duas doenças, os pesquisadores conseguiram demonstrar que medicamentos potentes contra o HIV podem combater o retrovírus. O raltegravir (produzido pelo Merck e vendido com o nome de Isentress), que representa uma nova classe de medicamentos antiretrovirais ao inibir a enzima integrase (impedindo que o vírus invadas o DNA das células), e mais três outros compostos - outro inibidor de integrase e AZT e tenofovir DF, dois inibidores da transcriptase reversa - podem prevenir a replicação da ameaça no corpo. Isso sugere que esses medicamentos podem ser usados juntos, em terapias combinadas: uma tática particularmente eficaz contra o vírus da aids.

"Nosso estudo mostrou que essas drogas inibem o XMRV em baixas concentrações quando duas delas são usadas ao mesmo tempo, sugerindo o potencial de terapias do tipo coquetel para inibir a replicação do vírus e a sua disseminação", explica Raymon Schinazi, professor de pediatria e química da Emory. "Essa combinação de tratamentos também podem ter a vantagem de atrasar ou mesmo impedir que vírus mutantes se tornem resistentes".

Embora ambos - o XMRV e o HIV - sejam retrovírus, existe pouca similaridade entre eles ao nível de proteína. Os cientistas mostraram que vários retrovírus podem causar câncer em animais, mas apenas um retrovírus é conhecido por infectar humanos: o T-linfotrópico 1 e 2 e, agora, o XMRV. Singh e Schinazi investigam agora o desenvolvimento da resistência ao raltegravir e outras drogas.

"Nem todos os estudos sobre o XMRV conseguem detectá-lo em câncer de próstata ou em amostras de síndrome de fadiga crônica", diz Ila Singh, professora de patologia na Universidade de Utah. "Precisamos ver os resultados de ensaios clínicos, antes que esses medicamentos possam ser usados".

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Singh liderou um estudo recente que mostra a presença do XMRV em 27% dos cancros de próstata examinados, com chances maiores de serem detectados em tumores mais agressivos. O XMRV pode promover o câncer pela integração no DNA da célula hospedeira e danificar alguns genes.

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