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Estrelas fogem da Via Láctea com velocidade maior do que imaginado

Estudo mostra que braços espiralados e barra central da Via Láctea podem estar afetando de forma significativa o movimento das estrelas.

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Por taniager
Atualização:

Em vez de girar em círculos em torno do centro da Via Láctea, as estrelas da nossa galáxia adotam trajetórias diferentes quando estão longe do centro galáctico. Arnaud Siebert e Benoit Famaey, astrônomos do observatório astronômico em Estrasburgo (CNRS/Université de Strasbourg) e colegas no exterior estão supondo que o comportamento estranho se deva à influência da barra central e dos braços espiralados de nossa Galáxia.

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Em galáxias espirais, os braços se propagam a partir do disco central em forma de ondas de densidade por causa da gravidade. Há mais de vinte anos, se acredita que essas ondas de densidade devam ter um impacto insignificante nas velocidades das estrelas que saem do seio da Via Láctea e vão para sua extremidade.

A equipe observou que as estrelas saem da nossa galáxia e chegam à vizinhança com uma velocidade média da ordem de 10 quilômetros por segundo, muito mais do que era suposto até então. Isto quer dizer que os braços e a barra central podem estar afetando de forma significativa o movimento das estrelas.

Para obter este resultado, a equipe analisou sistematicamente as velocidades de mais de duzentas mil estrelas situadas num raio de mais de seis mil anos-luz do Sol. Graças aos dados que têm sido obtidos desde 2003 pelo telescópio Schmidt do Observatório Astronômico Australiano, foi possível medir as velocidades radiais de centenas de milhares de estrelas pela primeira e determinar se elas estão perto ou longe de nós.

A equipe pôde determinar que a velocidade média com que as estrelas caminham para fora da Via Láctea aumenta quando elas atingem a mesma distância em que o Sol está do centro galáctico e chegam a adquirir uma velocidade de 10 km/s quando estão a 6 mil anos-luz de nós (19 mil anos-luz do centro galáctico).

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O resultado inesperado surpreendeu a equipe por mostrar que o efeito afeta preferencialmente as estrelas mais antigas, com milhares de milhões de anos de idade. Antes se pensava que o braço em espiral influenciava a dinâmica das estrelas jovens (com apenas algumas dezenas de milhões de anos). Um estudo teórico do efeito combinado dos braços em espirais e da barra central, dentro e fora da galáxia, poderá ajudar a explicar as distorções curiosas dos movimentos estelares observados pelos astrônomos posteriormente.

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