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09 de março de 2010 | 17h06
A exposição ao bisfenol A (BFA), componente usado na fabricação de materiais plásticos, durante a gravidez pode causar anormalidades permanentes nos fetos, incluindo alteração do DNA. Os resultados da pesquisa conduzida na Yale School of Medicine, EUA, foram relatados na edição de março do Journal of the Federation of American Societies for Experimental Biology.
Bisfenol A é encontrado na composição de muitas mamadeiras. A recomendação é esquentar o leite em algum recipiente de vidro e só depois inserir na mamadeira, evitando a liberação da substância no organismo. Outra dica é procurar por produtos livres de BFA, como os indicados na foto, lendo a indicação no fundo da embalagem.
Os efeitos da exposição ao BFA têm sido discutidos há tempos por pesquisadores e estão geralmente associados à ocorrência de maior risco ao câncer, especialmente ao câncer de mama. Entretanto, este é o primeiro estudo a demonstrar que a exposição permanente ao bisfenol A afeta a sensibilidade ao estrogênio – o que pode desencadear problemas de fertilidade, puberdade precoce e alterações nas funções reprodutivas.
O trabalho, liderado por Hugh S. Taylor, usou dois grupos de camundongos: um exposto ao BFA durante a gravidez e outro exposto a um placebo. Os pesquisadores examinaram a expressão do gene e a quantidade de modificações no DNA dentro do útero, descobrindo que fetos de ratos expostos à substância tinham uma resposta exagerada ao estrogênio quando adultos, muito tempo depois da exposição. Os genes foram permanentemente programados para uma resposta excessiva ao hormônio.
Taylor afirma que a exposição do feto do BFA afeta o resto da vida, e alerta para os cuidados em relação aos efeitos que certas toxinas ambientais podem causar nas pessoas, mesmo quando expostas à gestante. “Precisamos identificar melhor o efeito disso não apenas em casos de defeitos congênitos, mas também relacionados a problemas mais sutis de desenvolvimento”, ressalta o pesquisador.
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