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Fêmeas de pardais escolhem parceiros por valores interiores

Os resultados de um estudo mostram que as considerações genéticas podem também desempenhar um grande papel na seleção de machos.

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Por taniager
Atualização:

O mais bonito dos homens não é necessariamente o parceiro sexual escolhido pelas mulheres; tampouco a compatibilidade entre habilidades ou interesses entra em jogo com força total. A escolha feminina recai sobre aqueles que lhes cabem melhor individualmente. Os resultados recentes de um estudo realizado com pardais, por uma equipe do Departamento de Evolução e Biologia Integrativa da Universidade de Medicina Veterinária de Viena na Áustria, sugerem que - pelo menos em pardais - as considerações genéticas podem também desempenhar um grande papel na seleção de machos. O artigo foi publicado recentemente no site BMC Evolutionary Biology.

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Como as fêmeas selecionam seus parceiros? A ideia inicial de Darwin de que os machos mais aptos seriam os mais desejáveis e, portanto, os mais capacitados a proteger parceiras tem representado uma pedra angular na teoria evolutiva desde a publicação de "The Descent of Man" em 1871. Darwin propôs que características sexuais secundárias habilitariam fêmeas a ver rapidamente qual macho seria "o melhor", ou seja, melhor para cada mulher. Este homem seria o parceiro escolhido, uma vez que passaria os melhores genes possíveis para a próxima geração, aumentando assim a aptidão da espécie.

No final do século XX, no entanto, um número de pesquisadores - talvez por não se virem como os machos mais desejáveis em oferta - começaram a se afastar desta ideia e a considerar, em vez disso, a noção de que diferentes fêmeas poderiam intrinsecamente preferir diferentes machos. Há crescentes evidências de que animais selecionam parceiros que são compatíveis com eles e isto tem sugerido que os genes do principal complexo de histocompatibilidade (MHC) possam influenciar as preferências de acasalamento. Os genes MHC têm papéis fundamentais no sistema imunológico e a prole de parceiros com alelos de MHC muito diferentes pode ser mais resistente a doenças e, portanto, geneticamente "aptos".

Esta ideia foi investigada em pardais pela equipe liderada por Herbert Hoi no Instituto de Etologia Konrad Lorenz da referida universidade. Os cientistas analisam as preferências para parceiros dos pássaros utilizando experimentos de escolha, nos quais quatro parceiros eram oferecidos a um número de fêmeas, entre eles, uma fêmea de "controle" e três machos diferentes. Foi observado que as fêmeas permaneciam muito pouco tempo perto da fêmea de controle, confirmando que suas preferências eram sexuais e não meramente sociais. Se as fêmeas procurassem o "melhor" parceiro para o acasalamento, a maioria delas preferiria um ou poucos machos, mas os cientistas não puderam encontrar nenhuma evidência de que este era o caso. Tampouco puderam mostrar que as fêmeas preferiam machos com altas diversidades de MHC individuais. No entanto, eles descobriram que as fêmeas com um baixo número de alelos de MHC eram mais atraídas por um número elevado de tais alelos no sexo oposto. Este resultado sugere que as aves têm um mecanismo para "contar" o número de alelos de MHC na oferta de machos individuais.

O trabalho representa a primeira evidência experimental de que preferências de acasalamento de aves são influenciadas por genes do principal complexo de histocompatibilidade. Segundo Hoi os resultados mostraram que as aves não selecionam simplesmente o parceiro "mais atraente", mas sim aquele que é mais compatível. "Como em seres humanos, as aves parecem prestar atenção aos valores internos de seus potenciais parceiros".

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