Cientistas da Universidade Monash, nos EUA, descobriram que um simples fio de algodão pode se tornar um material fundamental para a criação de dispositivos de baixo custo, capazes de detectar doenças como insuficiência renal e diabetes. Eles usaram fios de algodão comum e agulhas de costura para costurar - literalmente - um exclusivo sistema para a análise de microfluidos.
Dispositivos analíticos microfluídicos têm sido produzidos nas duas últimas décadas a partir de uma série de materiais, permitindo análises químicas imediatas de amostras como sangue e urina. A produção dos convencionais é complicada e cara, pois requer a incisão de canais em chips feitos de silício, vidro, cerâmica ou metal.
O dispositivo, criado pelo professor Wei Shen e sua equipe de pesquisa da Faculdade de Engenharia da Universidade Monash, funciona transportando fluido ao longo das fibras microscópicas de fio de algodão, costuradas em uma película de polímero. As propriedades absorventes do fio garantem um fluxo definido para os fluidos que estão sendo testados, dispensando assim a gravação de canais complexos e barreiras no chip.
"Existem atualmente tecnologias promissoras na área de dispositivos microfluídicos de diagnóstico baseados em papel, mas a desvantagem é que requerem equipamentos caros para a fabricação dos sensores", diz Shen.
"A vantagem dos dispositivos baseados em fio de algodão é que eles podem ser feitos usando equipamentos mais simples, como máquinas de costura, de modo que eles podem ser produzidos em regiões em desenvolvimento onde diagnósticos de alto custo não são disponíveis e viáveis. Estamos ainda nas fases iniciais da pesquisa, mas muito animados para ver aonde ela pode nos levar".
A novidade, detalhada na última edição da ACS Applied Materials and Interfaces, pode transformar os procedimentos da área da saúde em muitas partes do mundo. "Minha equipe está entusiasmada com a descoberta. Nossos resultados demonstram que o fio de algodão é adequado para a fabricação de dispositivos microfluídicos de diagnóstico para monitorar a saúde humana, meio ambiente e da segurança alimentar - especialmente em comunidades menos industrializadas ou remotas", comemora Shen. "Outras pesquisas também podem levar ao uso em produtos pessoais, tais como fraldas de bebê".
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