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Tamanho do Homo floresiensis pode ser resultado de seleção natural

Pesquisadores mostram que a evolução do cérebro em primatas não seguiu apenas o caminho da maior massa cerebral.

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Por root
Atualização:

Cérebros maiores, sinal de evolução? É o que a maioria pensa, mas é o que pesquisadores da Universidade de Cambridge e Durham tentam contrariar. O trabalho desenvolvido por uma equipe de cientistas ajuda a resolver a questão: o Homo floresiensis (também chamado de Hobbit, alusão ao povo pequeno descrito em livros de ficção) foi uma espécie separada ou apenas um indivíduo doente?

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A equipe se baseou em dados do cérebro e da massa corporal medidas de restos fósseis. Em seguida, usou três diferentes métodos matemáticos para a reconstrução de evolução de padrões de evolução no cérebro através da árvore genealógica dos primatas, a partir de 37 já existentes e 23 espécies de primatas extintos.

Os resultados mostram que, enquanto os cérebros evoluíram para aumentarem em termos relativos e absolutos ao longo dos ramos da árvore genealógica, o oposto aconteceu em várias linhagens. Um exemplo seria a evolução dos lêmures-ratos ou dos cercocebus (um gênero de primata da família Cercopithecidae).

Em contrapartida, o estudo não encontrou nenhuma tendência global no aumento do tamanho do corpo - sugerindo que o cérebro e a massa corporal foram sujeitos a processos de seleção distintos nos primatas. Gorilas, por exemplo, têm cérebros grandes, mas o aumento da massa corporal na evolução dos gorilas modernos excede muito mais o aumento da massa cerebral. Por outro lado, as linhagens de outros primatas como Gibbos Colobus mostram um aumento da massa cerebral e diminuição da massa corporal.

As descobertas podem ajudar a resolver o mistério de Hobbit. Este primata de apenas um metro dividiu o planeta com nossa espécie até 13 mil anos atrás. Descoberto na ilha indonésia de Flores em 2003, alimentou calorosos debates - alguns acreditavam se tratar de uma nova espécie e outros achavam mais provável que uma doença tivesse sido a grande responsável pelo seu pequeno tamanho e, especialmente, o pequeno tamanho do cérebro.

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Até então, a constatação de um primata com o cérebro tão pequeno na linha de evolução não condizia com o que pesquisadores entendiam a respeito da evolução do cérebro em primatas. "Nossas análises, juntas aos estudos sobre o tamanho do cérebro em populações de primatas isoladas, sugerem que talvez não devemos ficar surpresos com a evolução de um cérebro e corpo pequeno nos primórdios da espécie humana".

Os resultados também aprofundam a compreensão de como nossos cérebros e corpos evoluíram e de como o processo de seleção pode ter sido responsável por isso. A pesquisa indica que a seleção atuou nos dois sentidos, geralmente resultando na evolução dos cérebros maiores, mas também produzindo cérebros menores.

Este é o primeiro estudo a reconstruir o padrão de evolução do cérebro pelos dados de todos os primatas.Estudos anteriores, de outros pesquisadores, analisaram as possíveis vantagens e desvantagens de um tamanho maior do cérebro em primatas, mas poucos consideram com que frequência, onde e quando estas mudanças ocorrem na árvore genealógica dos primatas.

Segundo o autor principal do projeto, Dr. Nick Mundy, há uma tendência para considerar que a expansão do cérebro tenha ocorrido ao longo da evolução dos primatas. A interpretação é de que houve uma seleção para as habilidades cognitivas, com a necessidade de processar a informação social.

"Nós encontramos diminuição de massa cerebral ao longo de diversas filiais em toda a árvore genealógica dos primatas. É provável que a redução do tamanho do cérebro tenha ocorrido para atender novas necessidades ecológicas, significando que indivíduos com cérebros menores pudessem ser favorecidos por seleção natural", explica Mundy.

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Os períodos de evolução dos primatas que mostram a diminuição do tamanho do cérebro são de grande interesse, pois podem produzir insights sobre o processo de seleção e as restrições de desenvolvimento, que atuariam no tamanho do cérebro.

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Quem é dono de um cérebro de ervilha?

Primatas têm cérebros relativamente grandes para o tamanho do corpo, se comparados a outros mamíferos. O menor cérebro do mundo pertence aos lêmures-ratos, com apenas 1,8g. O cérebro do homem pesa 1330 g.

O crescimento do cérebro começou cedo na evolução dos primatas, o que sugere um importante papel na origem e sucesso dos primatas modernos. A massa cerebral do homem é marcante, mas grandes cérebros evoluíram muitas vezes em primatas - os capuchinhos, por exemplo, são macacos da América do Sul que brigam em termos de tamanho de cérebro com outros macacos; sendo conhecidos pela habilidade de utilização de ferramentas para explorar alimentos.

Estudos recentes mostram que os cérebros de outros animais, como a vaca, o elefante, os pássaros e alguns outros vertebrados têm diminuído.

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