Pesquisadores da Universidade de Rochester, nos EUA, identificaram dois genes que são amplificados nos piores casos de câncer de esôfago, fornecendo dados que podem ajudar o desenvolvimento de novos tratamentos para a doença. O estudo, conduzido pelo professor de cirurgia no James P. Wilmot Cancer Center, Tony Godfrey, foi publicado no Clinical Cancer Research.
O trabalho explorou anormalidades do cromossomo que condicionam baixas taxas de sobrevivência nos casos de adenocarcinoma esofágico, o tipo mais comum de câncer no esôfago - que ocorre na junção do estômago e esôfago. A doença, considerada rara há duas décadas, é hoje a que mais cresce nos Estados Unidos, em partes em função da obesidade e doenças do refluxo gastroesofágico. Embora a sobrevida global para pacientes em estágio inicial varie de 70 a 80%, a maioria dos casos é descoberta quando o câncer já se espalhou.
Lupa no cromossomo
O laboratório de Godfrey coletou amostras de tumores de 116 pacientes com a doença e então usou modernas ferramentas de análise molecular - conhecidas como tecnologias de microarrays - para analisar o DNA do tecido. O objetivo era estudar conhecidas regiões do cromossomo associadas ao adenocarcinoma esofágico e observar os subonjuntos de genes envolvidos na malignidade que também poderia ser marcadores da sobrevida do paciente. A compreensão mais aprofundada de "marcadores genéticos" é importante na medida em que contribui para a criação de terapias alvejadas - que destinam-se a inibir ou bloquear o efeito de oncogenes quimicamente.
Estudos prévios sobre a doença mostraram uma cópia extra de uma sequência de DNA na região do cromossomo 7q21. Contudo, a equipe agora afirma ter mapeado a região pela primeira vez com resolução suficiente para identificar seis genes no núcleo da parte amplificada, comparando isso aos resultados do paciente. A equipe ainda está focada em dois genes - CDK6 e CDK4 -, cuja participação no crescimento de células de câncer no esôfago já foi comprovada experimentalmente.
CDK4 e CDK6
Ao que parece, ambos os genes CDK4 e CDK6 fazem a mesma coisa: contribuem para a doença. Entretanto, o CDK4 está localizado na região cromossômica 12q13. Sua expressão é elevada em pacientes com adenocarcinoma esofágico, mas pode ser atribuído a outras alterações genéticas.
Ao trabalhar com a atividade dos dois, independentemente ou em combinação, deram especial atenção à CDK6 - associado a uma pior sobrevida no linfoma de células T e dois tipos de câncer de cérebro comuns: gliomas e meduloblastomas. O CDK6 é um conhecido regulador do ciclo celular e, assim, os pesquisadores teorizaram que, se conseguissem encerrar sua atividade, a proliferação do câncer cessaria.
Mal acompanhado
As experiências realizadas levaram à descoberta de que o CDK6 não age completamente sozinho, e que a combinação com o CDK4 é um marcador mais preciso de sobrevida do que a amplificação de um gene em particular. Sabendo que uma droga experimental (conhecida como PD-0332991) tinha ambos como alvos, testaram o medicamento em laboratório em células de câncer do esôfago, descobrindo que ela inibe os processos do ciclo celular envolvidos na malignidade.
"Nossos dados fornecem evidências diretas de que a CDK4 e CDK6 são fortes preditores de sobrevida e que a segmentação dessas moléculas é uma opção viável de tratamento", afirma Godfrey. "Embora ainda tenhamos muito trabalho a fazer, estamos animados sobre os excelentes progressos nos esforços para encontrar melhores tratamentos para o câncer esofágico".