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15 de junho de 2010 | 20h56
Espelho móvel secundário durante instalação. A imagem mostra os 672 pequenos ímãs espalhados sobre a parte traseira do espelho. O rosto que reflete o espelho é virado para baixo. A parte superior contém os dispositivos eletromecânicos que controlam os ímãs. Crédito:Colaboração LBT / R. Cerisola.
Astrônomos podem comemorar. Pelo menos os que utilizam o LBT, Large Binocular Telescope (Grande Telescópio Binocular), no Arizona, EUA, uma nova geração de ótica adaptativa que oferece níveis de nitidez nunca antes observados. A engenhoca é composta por dois espelhos de 8,4 metros, sendo o maior telescópio ótico construído até hoje no mundo.
Até pouco tempo, astrônomos que lidavam com telescópios terrestres tinham que lidar com a distorção causada pela atmosfera da Terra – tornando a imagem de objetos distantes borrada.
Embora alguns recursos tenham melhorado a observação, o LBT é realmente único: chamado de First Light Adaptive Optics (FLAO), o sistema de ótica adaptativa oferece uma qualidade de imagem superior e até três vezes mais nitidez do que o do telescópio espacial Hubble, usando apenas um de seus espelhos. A combinação apropriada de luz e espelhos pode tornar a observação dez vezes mais nítida.
Relação Strehl
Observação de uma estrela dupla pelo modo padrão (lado esquerdo) e com o modo de correção adaptável. Crédito: Colaboração LBT.
Relação Strehl é o nome dado à unidade que mede a perfeição da qualidade de uma imagem. Sem óptica adaptativa, a taxa de telescópios terrestres é inferior a 1% (100% equivale a uma imagem realmente perfeita). Sistemas de grandes telescópios hoje podem melhorar a qualidade da imagem em 30 a 50% nos comprimentos de onda de infravermelho próximos.
Testes iniciais mostram que a nova tecnologia pode melhorar o desempenho entre 60 e 80% – cerca de dois terços na nitidez da imagem em relação a outros sistemas existentes. “Os resultados na primeira noite foram tão extraordinários que nós pensamos que poderia ser uma casualidade, mas em todas as noites desde então a óptica adaptativa continuou a exceder todas as expectativas”, diz Simone Esposite, responsável pela equipe de testes. “Estes resultados foram alcançados com apenas um dos espelhos do LBT. Imagine o potencial de óptica adaptativa com ambos os olhos gigantes”.
Tecnologias combinadas
O desenvolvimento do LBT levou mais de uma década de estudos e testes realizados por uma equipe internacional. O Instituto Nacional de Astrofísica (INAF), da Itália, ficou responsável pelo desenho dos instrumentos e desenvolvimento do sistema eletromecânico, ao lado da alemã Max Planck Society, ao passo que a Universidade do Arizona, nos EUA, criou os elementos ópticos, sendo as empresas italianas Microgate e ADS International responsáveis pela engenharia de alguns componentes.
O sucesso do telescópio foi resultado de uma combinação de tecnologias. Um espelho secundário, projetado para ser um componente principal (e não adicional), extremamente fino e flexível – com apenas 0,91 metros de diâmetro e 1,6 milímetros de espessura. Por estas qualidades, é possível manipulá-lo com a utilização de 672 ímãs colados na parte de trás, oferecendo precisão. Um sensor “pirâmide” detecta distorções atmosféricas e manipula o espelho em tempo real para evitar o borrão.
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