Cientistas da Universidade de Montreal, no Canadá, identificaram um agente "duplo" no olho que pode se transformar de protetor a assassino de neurônios. Num piscar de olhos. A descoberta tem implicações significativas na área da saúde, já que os neurônios mortos por esse processo resultam em perda da visão e cegueira.
Os resultados mostram como uma molécula incomum, chamada proNGF, ativam as glias - células não neuronais do sistema nervoso central que dão suporte e nutrição aos neurônios e que geralmente protegem os mesmos na retina e no cérebro.
"Descobrimos que as glias atacam e matam neurônios depois de serem acionadas por proNGF", explica Philip Barker, neurocientista do Instituto Neurológico de Montreal e professor do departamento de neurologia do Instituo McGill, que colaborou com o estudo. "Uma vez que as glias protegem os neurônios, ficamos surpresos ao descobrir que a proNGF pode converter células glias em assassinas que causam a morte de neurônios da retina".
De acordo com os pesquisadores, o proNGF atua como um sequestrador de células: a partir de uma lesão cerebral ou do desencadeamento de uma doença neurodegenerativa, a proNGF altera a rede de células da glia alterando sua função.
O próximo passo, agora, é observar o dano que o proNGF pode desencadear. Se um neurônio morre, ele morre pra sempre, e a perda permanente dessas células causam a cegueira. Os pesquisadores precisam estudar, a partir destes resultados, se os sinais do proNGF podem ser controlados. Caso seja possível bloquear a influência da molécula sobre as glias, neurônios poderiam ser protegidos. Os benefícios poderiam atingir inclusive pacientes com glaucoma.
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