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Manter as rotinas diárias melhora a qualidade do sono em idosos

Os ritmos da vida rotineira podem servir como um fator de proteção que contribuem para a manutenção de um sono de qualidade.

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Por taniager
Atualização:

A dificuldade em conciliar o sono cresce com a idade. Um maior número de pessoas costuma queixar-se de insônia quando ultrapassa os 65 anos. As causas, ainda pouco determinadas, podem estar relacionadas com doenças clínicas, transtornos psiquiátricos, alteração no ciclo da vigília ou outras. Mas, é quase certo que em idosos elas estão muito associadas às mudanças na arquitetura do sono, um processo normal do envelhecimento. 

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O resultado de um estudo, publicado na revista especializada Sleep hoje dia 1º de abril, demonstrou que os idosos reduziram o tempo para adormecer e melhoraram a eficiência e a qualidade do sono quando procuraram manter uma maior estabilidade nas rotinas diárias.   

As atividades básicas como tomar banho, vestir-se e comer, foram mais fundamentais para ampliar a taxa de qualidade do sono que as atividades instrumentais, tais como fazer compras, utilizar transportes públicos e fazer consultas médicas. 

Os ritmos de vida na rotina são caracterizados pela estabilidade do tempo, ou seja, a frequência e a duração das atividades diárias, como assistir TV ou ler um livro. Os autores da pesquisa acreditam que também é possível identificar padrões de regularidade semanal em atividades como limpeza, exercícios e compromissos sociais.   

A professora, assistente da Universidade de Haifa em Israel e autora da pesquisa, Dra. Anna Zisberg, declarou que não ficaria surpresa em encontrar uma correlação entre os padrões de atividade de rotina e a qualidade do sono nos resultados. Apesar de a correlação contrariar a opinião generalizada de que a luz exerce papel importante como sincronizadora do ciclo de vigília-sono, foi a robustez dos resultados do estudo que surpreendeu a pesquisadora.   

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O estudo foi realizado na parte norte de Israel, entre agosto de 2007 e setembro de 2008. Envolveu 96 idosos que falam a língua russa em duas comunidades de retiro, onde cada apartamento foi totalmente equipado como uma unidade independente, funcional. Eles tinham uma idade média de 75 anos, dentro de um intervalo de 58-89 anos. Dentre eles, 72% eram do sexo feminino, 82% viviam sozinhos e 75% alegaram ter uma saúde de regular à boa. Medicamentos para o sono foram utilizados com uma frequência menor queuma vez por semana em cinco por cento da amostra, de uma a duas vezes por semana em sete por cento dos participantes e três ou mais vezes por semana em 23 % da amostra.

As rotinas dos participantes foram avaliadas em intervalos de duas semanas, três vezes, por um entrevistador treinado. O entrevistador usou uma versão modificada da "Escala de Rotina de Adultos mais Velhos" (sigla em inglês: SOAR). Os 89% dos 96 participantes que completaram todas as questões, nas três vezes em que foram entrevistados, foram incluídos na análise final. A qualidade do sono foi avaliada através do Índice de "Qualidade de Sono Pittsburgh" (sigla em inglês: IQSP). O padrão funcional diário foi avaliado com a "Escala Lawton de Atividades Instrumentais de Vida Diária modificada" (sigla em inglês: AIVD). Uma subamostra de 33 membros completou a "Medição do Ritmo Social" (sigla em inglês: SRM) de duas semanas diárias.

O tempo médio de sono total foi de seis horas, a média de eficiência do sono foi de78 % e a média de latência do sono foi de 37,5 minutos. A maior eficiência e a menor latência do sono foram associadas com um período mais estável de atividades básicas e instrumentais, além de uma regularidade de estilo de vida mais estável. A pior qualidade do sono foi associada com menos regularidade no estilo de vida e mais debilidade da saúde.

Os autores observaram que as mudanças no sistema circadiano são consideradas uma parte natural do envelhecimento e são apontadas como um fator subjacente à qualidade do sono reduzida em idosos. Os ritmos da vida rotineira podem servir como um fator de proteção que contribuem para a manutenção de um sono de qualidade. No entanto, mais estudos são necessários para analisar a manutenção da rotina diária das populações mais amplas em diferentes condições culturais e de vida. Futuros estudos longitudinais podem ser úteis para analisar se a regularidade do estilo de vida constitui uma causa ou uma consequência dos padrões de qualidade do sono.

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