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Ambientalistas querem mico na medalha de ouro das Olimpíadas

Proposta foi apresentada pelo renomado primatólogo americano Russell Mittermeier, da ONG Conservação Internacional. Mico-leão-dourado só existe na Mata Atlântica do Rio e está ameaçado de extinção.

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Por Herton Escobar
Atualização:

Proposta da medalha de ouro, desenhada por Stephen Nash. Crédito: Stephen Nash/via Estadão  Foto: Estadão

Que tal um mico-leão-dourado na medalha de ouro das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro? A proposta foi apresentada hoje pelo renomado primatólogo e conservacionista americano Russell Mittermeier, no 8º Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), em Curitiba, para uma plateia de mais de mil cientistas e ambientalistas -- que aplaudiram prontamente a ideia.

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"É um bicho dourado, ameaçado de extinção, que só existe no Brasil. O que mais você poderia quer?", disse Mittermeier, vice-presidente executivo da ONG Conservação Internacional, que trabalhou muitos anos no País e fala fluentemente português.

É a segunda tentativa do pesquisador de usar as Olimpíadas como vitrine para a conservação da biodiversidade brasileira. No ano passado, ele já havia apoiado a proposta de emplacar o muriqui (maior macaco das Américas, também endêmico da Mata Atlântica, muito simpático e ameaçado de extinção) como mascote do torneio. Em vez disso, o comitê organizador dos jogos optou por um gato amarelo, sem espécie definida e com cara de desenho japonês, que supostamente representa toda a fauna brasileira (#sqn). "Fiquei um pouco frustrado com isso", disse Mittermeier.

A ideia de estampar o mico-leão-dourado na medalha logo brilhou aos olhos dos conservacionistas presentes no evento. "É a cara do Rio de Janeiro e a cara do Brasil. E ainda por cima é da cor da medalha. Tem tudo a ver", comemorou Luis Paulo Ferraz, secretário-executivo da Associação Mico-Leão-Dourado. "É uma história de sucesso e um símbolo da conservação da natureza no Brasil", completou.

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A espécie está na nota de R$ 20. Crédito: Reprodução  Foto: Estadão

Cientificamente chamado Leontopithecus rosalia, o mico-leão-dourado só existe em alguns fragmentos de Mata Atlântica no Rio de Janeiro. Apesar de ainda estar ameaçada de extinção, o status da espécie vem melhorando ao longo dos anos, graças a um longo trabalho de conservação realizado por organizações governamentais e não governamentais. Em 2008, sua classificação internacional na Lista Vermelha da IUCN passou de "Criticamente em perigo" para "Em perigo". O mesmo ocorreu na última revisão da lista nacional de espécies ameaçadas do ICMBio, publicada em dezembro de 2014.

O desenho da medalha foi feito ontem mesmo pelo ilustrador de vida selvagem Stephen Nash, da Stony Brook University (EUA) -- a pedido de Mittermeier, seu amigo de longa data. Nash é especialista em desenhos de primatas, reconhecido internacionalmente, e já teve até uma espécie batizada em sua homenagem (Callicebus stephennashi). Ele enviou uma cópia da ilustração com exclusividade ao Estado.

Organizações não-governamentais estão organizando uma moção para ser votada amanhã, no final do congresso, apoiando oficialmente a proposta da medalha. E certamente não faltarão sugestões de outras espécies para a prata e o bronze.

Vale lembrar aqui o caso do Fuleco, o mascote da Copa do Mundo, inspirado no tatu-bola, que não trouxe nenhum benefício de conservação para a espécie: http://goo.gl/OheKOr

FOTO: O tatu-bola, Tolypeutes tricinctus. Crédito: J.A. Siqueira Foto: Estadão

*O repórter viajou a Curitiba a convite da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

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