Imagine só!

REPORTAGEM ESPECIAL: Ciência brasileira ressurge na Antártida, 2 anos após incêndio


INFOGRÁFICO: Rubens Paiva/Estadão

Por Herton Escobar

Herton Escobar / O Estado de S.Paulo

VIDEOGRÁFICO: Eduardo Asta/Estadão (http://migre.me/i1fMs)

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Futuro. A construção da nova estação Comandante Ferraz está prevista para começar no verão antártico de 2014-2015 e terminar no de 2015-2016, conforme estipulado na licitação que foi aberta para a execução do projeto. A abertura dos envelopes com as propostas está marcada para hoje (24/2), em Brasília, e a expectativa da Marinha é anunciar o vencedor logo após o carnaval. A seleção será pelo menor preço, após qualificação técnica.

A licitação já deveria ter sido concluída em dezembro, mas a abertura dos envelopes foi suspensa um dia antes da data, por causa de questionamentos técnicos levantados pelas empresas interessadas. O prazo para conclusão da obra, que era de um ano, foi estendido para dois, "divididos em 300 dias de trabalho efetivo no local de construção da nova EACF, durante dois verões antárticos", segundo o edital. "Não há previsão de novos adiamentos", afirma Rodrigues, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm).

O tamanho da estação também aumentou em relação ao projeto original, de 2,8 mil m2 para 4,5 mil m2, com acréscimo de laboratórios e mais infraestrutura de segurança e geração de energia. "Vamos ter uma estação que será o estado da arte, entre as mais modernas do mundo", promete Rodrigues.

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O custo estimado do plano, consequentemente, também cresceu: de R$ 72 milhões, no início de 2013 (quando o projeto arquitetônico foi escolhido), para R$ 110 milhões, em outubro (quando o projeto executivo foi finalizado), e agora, para R$ 145 milhões. Segundo Rodrigues, a variação deve-se ao aumento da estrutura física da base e à variação cambial do euro. "Desde o início dissemos que a estação custaria por volta de 40 milhões de euros", diz.

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FOTO: Navio de Pesquisa Oceanográfica Almirante Maximiano. Crédito: www.naviosbrasileiros.com.br  Foto: Estadão
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HORIZONTE ABERTO

Se por um lado o Brasil perdeu uma estação de pesquisa fixa no solo, por outro ganhou um navio de pesquisa oceanográfica bem equipado - o Almirante Maximiano -, com capacidade para levar a ciência antártica brasileira muito além da Baía do Almirantado (onde fica a base), e um módulo de pesquisas remotas no interior do continente - o Criosfera 1, instalado 2,5 mil km ao sul da EACF.

"O programa antártico é muito mais do que a estação; estamos ampliando cada vez mais nossa área geográfica de atuação", diz o glaciologista Jefferson Simões, que planeja a instalação de um segundo Criosfera para o fim deste ano. O módulo monitora continuamente uma série de parâmetros climáticos e envia os dados para os pesquisadores via satélite.

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Leia também: Criosfera renovado

"Não vejo que houve piora (após o incêndio). Na verdade, melhoramos em vários aspectos, especialmente na infraestrutura para oceanografia", diz a bióloga Vivian Pellizari, do Instituto Oceanográfico da USP, que acabou de voltar de uma expedição de 30 dias a bordo do Almirante Maximiano.

O navio, incorporado em 2009 pela Marinha, recebeu uma série de melhorias nos últimos dois anos. Entre elas, um guincho essencial para a realização de pesquisas geológicas, até em águas profundas, como as da Passagem de Drake, entre a América do Sul e a Antártida -- onde foram feitas coletas com ele recentemente, a quase 4 mil metros de profundidade. "O navio foi sendo equipado aos poucos e agora está maravilhoso", elogia Vivian. "Estamos avançando de vento em popa, e devemos deslanchar mais ainda uma vez que a nova estação estiver pronta."

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Sem parar. "A reconstrução vai drenar recursos, mas serão instalações muito melhores do que as que tínhamos antes, sem dúvida", diz o pesquisador João Paulo Machado Torres, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um dos que estava na EACF em 2012, quando a estação pegou fogo. Assim como outros pesquisadores, ele perdeu amostras e outros materiais de pesquisa que estavam na base naquele momento, mas pediu uma prorrogação de prazo no projeto para refazer o trabalho, e conseguiu. Ele deu sequência ao projeto (sobre acúmulo de poluentes orgânicos em animais marinhos) com apoio da base de pesquisa chilena e de acampamentos temporários montados nas áreas de coleta, apoiados logisticamente pela Marinha. "Em nenhum momento a pesquisa parou", ressalta Torres. "A perda dos oficiais foi a coisa que marcou mais a gente; a questão do material de pesquisa perdido foi de menor monta."

"Com exceção das duas vidas que foram perdidas, eu diria que conseguimos apagar da história qualquer sentimento de perda relacionada ao incêndio", diz a coordenadora-geral de Mar e Antártica do MCTI, Janice Duhá, lembrando, também, os dois militares da Marinha que morreram no combate ao fogo. A tragédia, segundo ela, criou um "momento de reflexão muito oportuno", que acabou se revertendo a favor do Proantar, injetando vida nova no programa.

Todos os equipamentos de pesquisa perdidos no incêndio já foram repostos pelo ministério, num investimento de R$ 4,5 milhões.

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reference

Leia também: Militar será julgado em abril por danos e homicídio culposo

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Futuro. A construção da nova estação Comandante Ferraz está prevista para começar no verão antártico de 2014-2015 e terminar no de 2015-2016, conforme estipulado na licitação que foi aberta para a execução do projeto. A abertura dos envelopes com as propostas está marcada para hoje (24/2), em Brasília, e a expectativa da Marinha é anunciar o vencedor logo após o carnaval. A seleção será pelo menor preço, após qualificação técnica.

A licitação já deveria ter sido concluída em dezembro, mas a abertura dos envelopes foi suspensa um dia antes da data, por causa de questionamentos técnicos levantados pelas empresas interessadas. O prazo para conclusão da obra, que era de um ano, foi estendido para dois, "divididos em 300 dias de trabalho efetivo no local de construção da nova EACF, durante dois verões antárticos", segundo o edital. "Não há previsão de novos adiamentos", afirma Rodrigues, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm).

O tamanho da estação também aumentou em relação ao projeto original, de 2,8 mil m2 para 4,5 mil m2, com acréscimo de laboratórios e mais infraestrutura de segurança e geração de energia. "Vamos ter uma estação que será o estado da arte, entre as mais modernas do mundo", promete Rodrigues.

O custo estimado do plano, consequentemente, também cresceu: de R$ 72 milhões, no início de 2013 (quando o projeto arquitetônico foi escolhido), para R$ 110 milhões, em outubro (quando o projeto executivo foi finalizado), e agora, para R$ 145 milhões. Segundo Rodrigues, a variação deve-se ao aumento da estrutura física da base e à variação cambial do euro. "Desde o início dissemos que a estação custaria por volta de 40 milhões de euros", diz.

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FOTO: Navio de Pesquisa Oceanográfica Almirante Maximiano. Crédito: www.naviosbrasileiros.com.br  Foto: Estadão

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Se por um lado o Brasil perdeu uma estação de pesquisa fixa no solo, por outro ganhou um navio de pesquisa oceanográfica bem equipado - o Almirante Maximiano -, com capacidade para levar a ciência antártica brasileira muito além da Baía do Almirantado (onde fica a base), e um módulo de pesquisas remotas no interior do continente - o Criosfera 1, instalado 2,5 mil km ao sul da EACF.

"O programa antártico é muito mais do que a estação; estamos ampliando cada vez mais nossa área geográfica de atuação", diz o glaciologista Jefferson Simões, que planeja a instalação de um segundo Criosfera para o fim deste ano. O módulo monitora continuamente uma série de parâmetros climáticos e envia os dados para os pesquisadores via satélite.

Leia também: Criosfera renovado

"Não vejo que houve piora (após o incêndio). Na verdade, melhoramos em vários aspectos, especialmente na infraestrutura para oceanografia", diz a bióloga Vivian Pellizari, do Instituto Oceanográfico da USP, que acabou de voltar de uma expedição de 30 dias a bordo do Almirante Maximiano.

O navio, incorporado em 2009 pela Marinha, recebeu uma série de melhorias nos últimos dois anos. Entre elas, um guincho essencial para a realização de pesquisas geológicas, até em águas profundas, como as da Passagem de Drake, entre a América do Sul e a Antártida -- onde foram feitas coletas com ele recentemente, a quase 4 mil metros de profundidade. "O navio foi sendo equipado aos poucos e agora está maravilhoso", elogia Vivian. "Estamos avançando de vento em popa, e devemos deslanchar mais ainda uma vez que a nova estação estiver pronta."

Sem parar. "A reconstrução vai drenar recursos, mas serão instalações muito melhores do que as que tínhamos antes, sem dúvida", diz o pesquisador João Paulo Machado Torres, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um dos que estava na EACF em 2012, quando a estação pegou fogo. Assim como outros pesquisadores, ele perdeu amostras e outros materiais de pesquisa que estavam na base naquele momento, mas pediu uma prorrogação de prazo no projeto para refazer o trabalho, e conseguiu. Ele deu sequência ao projeto (sobre acúmulo de poluentes orgânicos em animais marinhos) com apoio da base de pesquisa chilena e de acampamentos temporários montados nas áreas de coleta, apoiados logisticamente pela Marinha. "Em nenhum momento a pesquisa parou", ressalta Torres. "A perda dos oficiais foi a coisa que marcou mais a gente; a questão do material de pesquisa perdido foi de menor monta."

"Com exceção das duas vidas que foram perdidas, eu diria que conseguimos apagar da história qualquer sentimento de perda relacionada ao incêndio", diz a coordenadora-geral de Mar e Antártica do MCTI, Janice Duhá, lembrando, também, os dois militares da Marinha que morreram no combate ao fogo. A tragédia, segundo ela, criou um "momento de reflexão muito oportuno", que acabou se revertendo a favor do Proantar, injetando vida nova no programa.

Todos os equipamentos de pesquisa perdidos no incêndio já foram repostos pelo ministério, num investimento de R$ 4,5 milhões.

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A licitação já deveria ter sido concluída em dezembro, mas a abertura dos envelopes foi suspensa um dia antes da data, por causa de questionamentos técnicos levantados pelas empresas interessadas. O prazo para conclusão da obra, que era de um ano, foi estendido para dois, "divididos em 300 dias de trabalho efetivo no local de construção da nova EACF, durante dois verões antárticos", segundo o edital. "Não há previsão de novos adiamentos", afirma Rodrigues, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm).

O tamanho da estação também aumentou em relação ao projeto original, de 2,8 mil m2 para 4,5 mil m2, com acréscimo de laboratórios e mais infraestrutura de segurança e geração de energia. "Vamos ter uma estação que será o estado da arte, entre as mais modernas do mundo", promete Rodrigues.

O custo estimado do plano, consequentemente, também cresceu: de R$ 72 milhões, no início de 2013 (quando o projeto arquitetônico foi escolhido), para R$ 110 milhões, em outubro (quando o projeto executivo foi finalizado), e agora, para R$ 145 milhões. Segundo Rodrigues, a variação deve-se ao aumento da estrutura física da base e à variação cambial do euro. "Desde o início dissemos que a estação custaria por volta de 40 milhões de euros", diz.

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FOTO: Navio de Pesquisa Oceanográfica Almirante Maximiano. Crédito: www.naviosbrasileiros.com.br  Foto: Estadão

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Se por um lado o Brasil perdeu uma estação de pesquisa fixa no solo, por outro ganhou um navio de pesquisa oceanográfica bem equipado - o Almirante Maximiano -, com capacidade para levar a ciência antártica brasileira muito além da Baía do Almirantado (onde fica a base), e um módulo de pesquisas remotas no interior do continente - o Criosfera 1, instalado 2,5 mil km ao sul da EACF.

"O programa antártico é muito mais do que a estação; estamos ampliando cada vez mais nossa área geográfica de atuação", diz o glaciologista Jefferson Simões, que planeja a instalação de um segundo Criosfera para o fim deste ano. O módulo monitora continuamente uma série de parâmetros climáticos e envia os dados para os pesquisadores via satélite.

Leia também: Criosfera renovado

"Não vejo que houve piora (após o incêndio). Na verdade, melhoramos em vários aspectos, especialmente na infraestrutura para oceanografia", diz a bióloga Vivian Pellizari, do Instituto Oceanográfico da USP, que acabou de voltar de uma expedição de 30 dias a bordo do Almirante Maximiano.

O navio, incorporado em 2009 pela Marinha, recebeu uma série de melhorias nos últimos dois anos. Entre elas, um guincho essencial para a realização de pesquisas geológicas, até em águas profundas, como as da Passagem de Drake, entre a América do Sul e a Antártida -- onde foram feitas coletas com ele recentemente, a quase 4 mil metros de profundidade. "O navio foi sendo equipado aos poucos e agora está maravilhoso", elogia Vivian. "Estamos avançando de vento em popa, e devemos deslanchar mais ainda uma vez que a nova estação estiver pronta."

Sem parar. "A reconstrução vai drenar recursos, mas serão instalações muito melhores do que as que tínhamos antes, sem dúvida", diz o pesquisador João Paulo Machado Torres, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um dos que estava na EACF em 2012, quando a estação pegou fogo. Assim como outros pesquisadores, ele perdeu amostras e outros materiais de pesquisa que estavam na base naquele momento, mas pediu uma prorrogação de prazo no projeto para refazer o trabalho, e conseguiu. Ele deu sequência ao projeto (sobre acúmulo de poluentes orgânicos em animais marinhos) com apoio da base de pesquisa chilena e de acampamentos temporários montados nas áreas de coleta, apoiados logisticamente pela Marinha. "Em nenhum momento a pesquisa parou", ressalta Torres. "A perda dos oficiais foi a coisa que marcou mais a gente; a questão do material de pesquisa perdido foi de menor monta."

"Com exceção das duas vidas que foram perdidas, eu diria que conseguimos apagar da história qualquer sentimento de perda relacionada ao incêndio", diz a coordenadora-geral de Mar e Antártica do MCTI, Janice Duhá, lembrando, também, os dois militares da Marinha que morreram no combate ao fogo. A tragédia, segundo ela, criou um "momento de reflexão muito oportuno", que acabou se revertendo a favor do Proantar, injetando vida nova no programa.

Todos os equipamentos de pesquisa perdidos no incêndio já foram repostos pelo ministério, num investimento de R$ 4,5 milhões.

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Futuro. A construção da nova estação Comandante Ferraz está prevista para começar no verão antártico de 2014-2015 e terminar no de 2015-2016, conforme estipulado na licitação que foi aberta para a execução do projeto. A abertura dos envelopes com as propostas está marcada para hoje (24/2), em Brasília, e a expectativa da Marinha é anunciar o vencedor logo após o carnaval. A seleção será pelo menor preço, após qualificação técnica.

A licitação já deveria ter sido concluída em dezembro, mas a abertura dos envelopes foi suspensa um dia antes da data, por causa de questionamentos técnicos levantados pelas empresas interessadas. O prazo para conclusão da obra, que era de um ano, foi estendido para dois, "divididos em 300 dias de trabalho efetivo no local de construção da nova EACF, durante dois verões antárticos", segundo o edital. "Não há previsão de novos adiamentos", afirma Rodrigues, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm).

O tamanho da estação também aumentou em relação ao projeto original, de 2,8 mil m2 para 4,5 mil m2, com acréscimo de laboratórios e mais infraestrutura de segurança e geração de energia. "Vamos ter uma estação que será o estado da arte, entre as mais modernas do mundo", promete Rodrigues.

O custo estimado do plano, consequentemente, também cresceu: de R$ 72 milhões, no início de 2013 (quando o projeto arquitetônico foi escolhido), para R$ 110 milhões, em outubro (quando o projeto executivo foi finalizado), e agora, para R$ 145 milhões. Segundo Rodrigues, a variação deve-se ao aumento da estrutura física da base e à variação cambial do euro. "Desde o início dissemos que a estação custaria por volta de 40 milhões de euros", diz.

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FOTO: Navio de Pesquisa Oceanográfica Almirante Maximiano. Crédito: www.naviosbrasileiros.com.br  Foto: Estadão

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Se por um lado o Brasil perdeu uma estação de pesquisa fixa no solo, por outro ganhou um navio de pesquisa oceanográfica bem equipado - o Almirante Maximiano -, com capacidade para levar a ciência antártica brasileira muito além da Baía do Almirantado (onde fica a base), e um módulo de pesquisas remotas no interior do continente - o Criosfera 1, instalado 2,5 mil km ao sul da EACF.

"O programa antártico é muito mais do que a estação; estamos ampliando cada vez mais nossa área geográfica de atuação", diz o glaciologista Jefferson Simões, que planeja a instalação de um segundo Criosfera para o fim deste ano. O módulo monitora continuamente uma série de parâmetros climáticos e envia os dados para os pesquisadores via satélite.

Leia também: Criosfera renovado

"Não vejo que houve piora (após o incêndio). Na verdade, melhoramos em vários aspectos, especialmente na infraestrutura para oceanografia", diz a bióloga Vivian Pellizari, do Instituto Oceanográfico da USP, que acabou de voltar de uma expedição de 30 dias a bordo do Almirante Maximiano.

O navio, incorporado em 2009 pela Marinha, recebeu uma série de melhorias nos últimos dois anos. Entre elas, um guincho essencial para a realização de pesquisas geológicas, até em águas profundas, como as da Passagem de Drake, entre a América do Sul e a Antártida -- onde foram feitas coletas com ele recentemente, a quase 4 mil metros de profundidade. "O navio foi sendo equipado aos poucos e agora está maravilhoso", elogia Vivian. "Estamos avançando de vento em popa, e devemos deslanchar mais ainda uma vez que a nova estação estiver pronta."

Sem parar. "A reconstrução vai drenar recursos, mas serão instalações muito melhores do que as que tínhamos antes, sem dúvida", diz o pesquisador João Paulo Machado Torres, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um dos que estava na EACF em 2012, quando a estação pegou fogo. Assim como outros pesquisadores, ele perdeu amostras e outros materiais de pesquisa que estavam na base naquele momento, mas pediu uma prorrogação de prazo no projeto para refazer o trabalho, e conseguiu. Ele deu sequência ao projeto (sobre acúmulo de poluentes orgânicos em animais marinhos) com apoio da base de pesquisa chilena e de acampamentos temporários montados nas áreas de coleta, apoiados logisticamente pela Marinha. "Em nenhum momento a pesquisa parou", ressalta Torres. "A perda dos oficiais foi a coisa que marcou mais a gente; a questão do material de pesquisa perdido foi de menor monta."

"Com exceção das duas vidas que foram perdidas, eu diria que conseguimos apagar da história qualquer sentimento de perda relacionada ao incêndio", diz a coordenadora-geral de Mar e Antártica do MCTI, Janice Duhá, lembrando, também, os dois militares da Marinha que morreram no combate ao fogo. A tragédia, segundo ela, criou um "momento de reflexão muito oportuno", que acabou se revertendo a favor do Proantar, injetando vida nova no programa.

Todos os equipamentos de pesquisa perdidos no incêndio já foram repostos pelo ministério, num investimento de R$ 4,5 milhões.

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