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Imagine só!

DE MOSCA EM MOSCA, A CIÊNCIA AVANÇA

Por Herton Escobar
Atualização:

Uma das coisas que eu mais gosto sobre o Prêmio Nobel é como ele reconhece a importância da ciência básica, que muitas vezes é vista por agências de fomento e gerentes de instituições como algo menos prestigioso no universo científico.

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Às vezes o Prêmio vai para tecnologias e aplicações específicas, como no caso da reação em cadeia de polimerase (PCR), a transgenia animal e a proteína verde fluorescente (GFP), sobre as quais já escrevi aqui no blog. Muito frequentemente também, porém, a Academia premia a produção de conhecimento básico sobre como as coisas funcionam, sejam as células do nosso corpo, os animais na natureza ou as estrelas no Universo. Conhecimento básico sem o qual a ciência aplicada simplesmente não existiria. (Afinal, vai aplicar o quê, se você nem sabe do que está falando?)

Vejam o prêmio de Medicina anunciado hoje, por exemplo. Foi para três cientistas que fizeram descobertas essenciais sobre o funcionamento do sistema imunológico humano. Claro que buscaram essas descobertas na esperança de que elas levarão a aplicações práticas na medicina (nenhum cientista que se preza faz ciência para ficar só no papel), mas as pesquisas que produziram as descobertas foram essencialmente básicas. E vale apontar também que não foram feitas em seres humanos, mas em modelos animais, como camundongos e drosófilas.

É isso memso. Acredite se quiser, mas descobertas fundamentais sobre as engrenagens genéticas e moleculares do SEU sistema imunológico foram feitas em MOSCAS. Imagine só! (se isso não é evidência da ancestralidade comum de todos os seres vivos, não sei o que mais pode ser)

Quando você tenta desenvolver uma tecnologia, você sabe exatamente onde quer chegar. A dúvida é se vai conseguir chegar lá ou não. Quando faz pesquisa básica, você muitas vezes não tem a menor ideia do que vai descobrir. É pesquisa básica, porém de alto risco, que pode levar a grandes descobertas e grandes publicações (e grandes prêmios), como também pode levar a nada.

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Não digo nada disso como uma crítica à pesquisa aplicada, apenas como um elogio à pesquisa básica. Que elas caminhem juntas, sempre. Uma produzindo conhecimento e outra, aplicando esse conhecimento em benefício humano.

Abraços a todos.

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