Ainda não é oficial, mas o bioquímico Hernan Chaimovich está deixando a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), após um ano e meio no cargo. A saída, noticiada na segunda-feira pelo blog do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, me foi confirmada ontem à noite por fontes ligadas ao CNPq.
A iniciativa teria partido do próprio Chaimovich, que hoje escreveu uma carta de despedida para os funcionários da agência. O motivo: problemas de saúde (dores crônicas na coluna), que têm mantido-o afastado do trabalho. Mas já havia a expectativa de que ele seria eventualmente substituído após a efetivação do governo Temer.
A expectativa é que o novo presidente seja o engenheiro Mario Neto Borges, ex-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) -- supostamente por indicação do senador mineiro Aécio Neves. Mas não houve, ainda, nenhuma comunicação oficial por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Chileno radicado no Brasil, Chaimovich, 77 anos, é muito respeitado na comunidade científica. Ele é professor titular do Instituto de Química da USP desde 1984 e estava presidente do CNPq desde fevereiro de 2015. Sua exoneração deve ser publicada ainda nesta semana.
A troca ocorre num momento de grave crise orçamentária para a ciência nacional, em que o CNPq viu seu orçamento encolher a menos da metade do que era dez anos atrás -- apesar do grande crescimento da comunidade científica nesse período.
"Não há uma política consistente de investimento em ciência e tecnologia nesse país, ponto", afirmou Chaimovich recentemente, em uma palestra na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Mais detalhes na reportagem A Ciência Brasileira na UTI: Parte 1 e Parte 2.
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