Herton Escobar
08 de janeiro de 2015 | 07h00
O budião-azul é uma das espécies da pesca que entrou para a lista de ameaçadas, e cuja captura passa a ser proibida. Foto: Jonne Roriz/Estadão
A nova
Em protesto, centenas de barcos de pesca bloquearam, no início desta semana, o canal do Porto de Itajaí (SC), impedindo o trânsito de navios durante um período de 30 horas, até que o recém-empossado ministro Helder Barbalho, do MPA, concordou em se encontrar com os sindicatos locais e ouvir suas reivindicações em Brasília. A primeira reunião ocorreu hoje de manhã, no MPA, com participação da ministra Izabella Teixeira, do MMA (que é, de fato, a pasta responsável pela lista).
Um Grupo de Trabalho (GT) com quatro representantes de cada ministério vai revisar, no prazo de 30 dias, a situação das espécies listadas de interesse social e econômico, segundo uma portaria do MMA publicada na terça-feira. Um outro grupo, de 25 pessoas, será criado no Ministério da Pesca para dialogar diretamente com o setor pesqueiro e levar suas reivindicações a esse GT interministerial.
Pescadores bloquearam o canal do Porto de Itajaí por 30 horas, em protesto contra a inclusão de espécies comerciais na lista de ameaçadas. Foto: Marcos Porto/Agência RBS
Publicada no dia 17 de dezembro, junto com outras duas listas (de flora e fauna terrestre), a nova lista de animais aquáticos ameaçados de extinção no Brasil tem 475 espécies, incluindo desde pequenos moluscos e piabinhas até grandes raias e tubarões. Segundo o MMA, destas 475, “apenas cerca de 80 espécies, ou 17%, possuem uso econômico hoje”. A pasta divulgou nota sobre o assunto, ressaltando que as listas publicadas no mês passado são cientificamente embasadas, resultado de 10 anos de trabalho, envolvendo mais de 1,3 mil pesquisadores. O objetivo, segundo ministério, é “garantir a preservação de espécies ameaçadas de extinção para as futuras gerações”. Segundo os dados do estudo, a sobrepesca é a principal causa de ameaça a essas espécies.
Na visão do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), porém, o que a lista faz é colocar em risco a sobrevivência dos pescadores. “Nós estamos no nosso direito de poder e continuar a trabalhar, manter os nossos trabalhadores na indústria, nesse setor que emprega tanto na nossa região, mais de 60 mil postos de trabalho. Então está em risco o trabalho dos pescadores, das pessoas que trabalham em estaleiros, nas indústrias e nos fornecedores de matérias, então envolve muita gente, prejudica o Brasil inteiro”, diz o presidente Sindipi, Giovani Monteiro, no site do sindicato, que organizou o bloqueio do porto. O objetivo da paralisação, segundo o texto, era “tentar garantir junto ao Governo Federal a revogação da
Os mesmso caras que levaram esses bichos à beira de extinção querem autorização para continuar pescando e acabar com eles de uma vez por todas. É um absurdo. — José Truda Palazzo Jr., ambientalista
3 categoria de ameaça/proteção
As 475 espécies listadas na portaria são classificadas em três categorias, de acordo com o grau de ameaça em que se encontram: Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN) ou Vulnerável (VU). Segundo as regras da portaria, aquelas que estiverem nas categorias CR e EN “ficam protegidas de modo integral”, não podendo mais serem pescadas nem comercializadas. As espécies VU também ficam protegidas, mas abre-se a possibilidade de elas serem exploradas de forma sustentável, dependendo de uma análise e autorização caso a caso por parte do Ministério do Meio Ambiente.
“Eles não querem nem ouvir falar de manejo sustentável, muito menos de proibição. Querem mesmo é seguir minerando uma espécie atrás da outra; e quando acabar tudo, econtrar uma atividade para fazer”, disse ao Estado o ambientalista José Truda Palazzo Jr., presidente de uma rede de ONGs de conservação marinha e coordenador da campanha Divers for Sharks (Mergulhadores para Tubarões). Ele estava revoltado ontem com o sucesso da pressão imposta pela indústria pesqueira sobre o governo. “Os mesmso caras que levaram esses bichos à beira de extinção querem autorização para continuar pescando e acabar com eles de uma vez por todas. É um absurdo.”
Fonte: InforMMA. Para ver uma apresentação completa sobre a lista de espécies aquáticas ameaçadas, clique aqui: http://goo.gl/oCi3wT
Uma eventual retirada de espécies da nova lista não seria novidade. Na
A
*Post atualizado às 19h40.
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