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Imagine só!

PLANETAS EM TRÂNSITO

Por Herton Escobar
Atualização:

A família conhecida de planetas extrassolares -que orbitam outras estrelas, fora do Sistema Solar - ficou ainda maior ontem, com uma contribuição de "DNA científico" brasileiro. A agência espacial francesa, CNES, anunciou ontem a descoberta de mais seis planetas desse tipo, detectados por meio do satélite CoRoT, que está no espaço há mais de três anos especificamente para esse propósito.

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Mais de 450 planetas extrassolares - ou exoplanetas, como também são chamados - já foram descobertos nos últimos 15 anos, fortalecendo cada vez mais a teoria de que sistemas planetários como o que existe ao redor do Sol - e do qual a Terra faz parte - são comuns na Via-Láctea e provavelmente em todo o Universo. Não só comuns, mas talvez a regra.

"Qualquer estrela pode ter planetas", afirma o pesquisador Sylvio Ferraz Mello, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), que contribui com a análise de dados para confirmação das descobertas.

A teoria já é antiga, mas só recentemente surgiram as tecnologias necessárias para confirmá-la. O CoRoT, desenvolvido pela França em parceria com outros países europeus e o Brasil, é basicamente um sensor de luz hipersensível, projetado para detectar minúsculas variações de intensidade no brilho das estrelas.

Isso porque há poucas coisas que podem causar esse tipo de variação. E uma delas é um mini-eclipse, causado pela passagem de um planeta na frente da estrela - chamado de "trânsito" na astronomia. Assim, o CoRoT observa cerca de 80 mil estrelas por ano. Sempre que um delas "pisca", ela se torna candidata a abrigar exoplanetas.

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Obedecendo a uma série de metodologias, então, os pesquisadores passam a acompanhar e estudar essas estrelas com o apoio de instrumentos no solo para confirmar se o que causou o eclipse foi mesmo a passagem de um planeta. Não é possível enxergar o planeta diretamente, mas com base nas configurações do trânsito é possível deduzir uma série de características, como tamanho, densidade, temperatura e tipo de órbita.

Nos últimos três anos, 15 detecções do CoRoT foram confirmadas - incluindo essas novas, anunciadas ontem. Cada um dos seis exoplanetas orbita uma estrela diferente, e todos são gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno (e não planetas pequenos e rochosos, como a Terra, que são ainda muito difíceis de detectar com as tecnologias atuais).

O menor deles, registrado como CoRoT-8b, tem 70% da massa e do diâmetro de Saturno, que é o segundo maior planeta do Sistema Solar. Já o CoRoT-10b tem uma órbita bizarra, que o leva para muito longe e muito próximo de sua estrela, de modo que sua temperatura varia de 250 °C a 600 °C num "ano" de apenas 13 dias.

Além dos seis exoplanetas, a CNES anunciou também a descoberta de uma anã marrom, uma espécie de "mini-estrela", grande demais para ser um planeta, mas pequena demais para iniciar o processo de fusão nuclear de hidrogênio, que é o que "acende" as estrelas luminosas como o nosso Sol.

Vale lembrar, é claro, como já fiz em outros posts, que o Sol é uma estrela feita de gás como outra qualquer no Universo. E os planetas que giram ao redor dele, incluindo a Terra, também são, aparentemente, igualmente comuns. Então, será que a vida também é? Nesse caso, por enquanto, só nos resta imaginar mesmo....

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Abraços a todos.

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LEGENDA: Na foto acima pode-se ver um trânsito de Vênus sobre o Sol, fotografado da Terra em 2004. Note como o planeta fica pequenininho na frente da estrela. Agora imagine o que é o trânsito de um planeta sobre uma estrela a centenas de milhares de anos-luz da Terra! A variação de luminosidade é muito, muito pequena..... por isso a dificuldade de detectar planetas dessa forma.

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