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Imagine só!

Reportagem Especial: Tubarões do Recife (parte 2)

Por Herton Escobar
Atualização:
FOTO: Herton Escobar/Estadão -- Praia de Boa Viagem, no Recife.  Foto: Estadão

Herton Escobar / O Estado de S. Paulo

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Se por um lado a morte da jovem Bruna Gobbi fez ressurgir a preocupação com ataques de tubarões nas praias do Recife, por outro, seu resgate da água serviu para comprovar a eficiência de um novo sistema de segurança da orla instalado no início deste ano pelo Corpo de Bombeiros de Pernambuco. "Quando idealizei o projeto, imaginei uma cena exatamente como essa", disse ao Estado o comandante-geral da corporação, Carlos Eduardo Casa Nova. "E tudo funcionou como planejado."

O momento em que Bruna foi atacada pelo tubarão foi filmado por meio de um sistema de câmeras instaladas em postes ao longo de toda a orla das praias do Pina e Boa Viagem. As imagens são monitoradas em tempo real por uma central de controle dos Bombeiros e da Polícia Militar, de onde é possível direcioná-las remotamente e acionar ações de resgate de acordo com a necessidade das ocorrências (desde roubo de veículos e acidentes de trânsito até afogamentos e ataques de tubarão).

Neste caso específico, ao perceber que Bruna e sua prima tinham sido arrastadas para longe da praia pela correnteza e corriam risco de se afogar, os guarda-vidas responsáveis por aquele setor da praia alertaram a central pelo rádio e pediram apoio do jetski (que estava de prontidão num posto vizinho) antes de pular na água. O resgate foi acionado e a câmera mais próxima, direcionada para filmar a ocorrência.

Vídeo: http://youtu.be/G5drS3Fh8fU

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Segundo Casa Nova, o jetski estava a 800 metros de distância e chegou até Bruna em 50 segundos. A operação toda de salvamento, do momento em que foi dado o alerta pelo rádio até Bruna começar a receber atendimento médico na areia, foi de 4 minutos e 50 segundos. "Foi realmente uma infelicidade muito grande ter um tubarão ali justamente naquele momento, pois se fosse só pelo risco de afogamento ela teria sido salva", afirma Casa Nova.

No vídeo gravado pela câmera, é possível ver o momento exato em que Bruna é atacada pelo tubarão - segundos antes de os guarda-vidas chegarem até ela. A jovem, com a perna esquerda bastante mutilada, foi levada com vida a um pronto-socorro, onde teve a perna amputada, mas acabou morrendo no dia seguinte, por causa da perda de sangue.

Casa Nova disse que foi ele quem recomendou ao governo do Estado que divulgasse o vídeo, pois sabia que "em uma hora estaria tudo no Facebook de qualquer maneira". Ele não queria que as únicas imagens do incidente fossem de vídeos amadores, mostrando Bruna ser retirada da água com a perna mutilada.

O sistema de monitoramento e salvamento instalado em Boa Viagem, segundo Casa Nova, é o projeto-piloto de um modelo que ele espera espalhar por toda a orla de Pernambuco. O aparato completo inclui 10 câmeras de vídeo, cobrindo toda a extensão da praia; 8 postos fixos de observação para guarda-vidas (além das bases móveis instaladas na areia, de onde os guarda-vidas orientam diretamente os banhistas); 6 jetskis e 7 embarcações (entre botes infláveis, flexboats e uma lancha de 32 pés); 2 ambulâncias; 1 helicóptero; e um efetivo total disponível de 105 homens.

O custo, segundo Casa Nova, foi de R$ 2,5 milhões - sem contar o helicóptero, que custou R$ 7 milhões. O sistema começou a operar em março deste ano.

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"A efetividade da vigilância foi provada de forma cabal neste episódio", disse o secretário de Comunicação do governo de Pernambuco, Evaldo Costa. A redução do número de ataques nos últimos anos, segundo ele, deve-se em grande parte ao esforço de sinalização das praias, conscientização da população e vigilância por parte dos guarda-vidas do Corpo de Bombeiros. "Certamente muita gente já escapou de ser atacada graças a esse trabalho de orientação", afirma.

Para saber mais sobre os ataques de tubarão no Recife, leia a reportagem especial neste link: http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/reportagem-especial-tubaroes-do-recife/

 

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