Dois ex-colaboradores de Gilberto Chierice romperam parceria com o químico de São Carlos, inventor da chamada "pílula do câncer", e lançaram iniciativa própria para comercializar a substância via internet. Produto será fabricado nos Estados Unidos, em colaboração com um laboratório uruguaio. Propaganda não faz referência à cura do câncer
Decisão do ministro Ricardo Lewandowski suspende efeito das liminares que obrigavam a universidade a produzir e fornecer fosfoetanolamina sintética para pacientes com câncer. Segundo o magistrado, não caberia à USP produzir medicamentos e "não caberia ao Poder Judiciário respaldar a prática de uma medicina não baseada em evidências"
Para o médico Jarbas Barbosa, não há como regulamentar o uso da "pílula do câncer" sem a realização de testes clínicos controlados -- algo que nunca foi solicitado pelos pesquisadores que desenvolveram a substância. Relatos individuais de pacientes, segundo ele, não têm validade científica.
Em entrevista exclusiva, imunologista Durvanei Maria diz que há muito o que se estudar ainda sobre a substância, e que as regras da Anvisa devem ser seguidas, mas defende que os pacientes já tenham acesso ao composto -- que, segundo ele, induz a morte de células cancerígenas e inibe a metástase.
Universidade tem recebido cerca de 300 liminares por semana, obrigando a instituição a produzir e fornecer a fosfoetanolamina sintética para pacientes de todo o Brasil. Um juiz chegou a impor multa de R$ 1 milhão por dia, em caso de descumprimento.
Solicitado pelo Supremo Tribunal Federal a dar um parecer sobre a "pílula do câncer", instituição ligada ao Ministério da Saúde diz que não é possível fazer qualquer recomendação, já que a substância nunca foi testada clinicamente e, portanto, não há dados que permitam avaliar se ela é segura ou se tem algum efeito terapêutico real em seres humanos.
Objetivo é informar a população sobre andamento das pesquisas com fosfoetanolamina sintética
Fosfoetanolamina sintética será testada por três laboratórios conveniados ao MCTI. Pesquisadores defendem avanço das pesquisas mas questionam uso prematuro da substância, que não tem eficácia nem segurança comprovadas.
Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Hernan Chaimovich, diz em entrevista exclusiva ao Estado que decisão do ministério busca dar uma resposta científica a um “clamor social” relacionado à fosfoetanolamina sintética: "Não reconhecer que existe esse clamor social é não reconhecer a realidade".
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