
19 de outubro de 2019 | 06h00
SÃO PAULO - Notícias sobre conquistas de mulheres no espaço chegam como um incentivo para meninas que sonham em atuar em áreas tradicionalmente ocupadas por homens.
Há dois anos, a estudante Sofia Reis, de 14, participou de uma competição estudantil e seu grupo teve um projeto selecionado pela agência espacial americana (Nasa) para ser enviado à Estação Espacial Internacional (ISS). Na época, Sofia estranhou a predominância de meninos nos grupos.
"Durante o congresso, eu via muito mais meninos, os cientistas que davam palestras eram quase todos homens. Tenho várias amigas que se interessam por Ciências, mas acho que a ausência de mulheres nos lugares de destaque nos desestimula. Parece que não é o nosso lugar", conta Sofia, hoje com 14 anos e estudante colégio Dante Alighieri, na região central de São Paulo.
Na sexta-feira, 18, ao ver as astronautas em caminhada pelo espaço sideral, ela diz ter se sentido representada. "Só vemos homens nesses lugares e parece que a gente nunca vai poder chegar lá. Quando soube que eram duas mulheres no espaço em uma missão tão importante, senti que eu posso fazer o que quiser", disse a menina que quer ser designer gráfico para "transmitir a ciência de forma mais acessível e divertida para todo mundo". Ela pretende ser designer gráfico para “transmitir a ciência de forma mais acessível e divertida para todos”.
No grupo de pesquisa feito pelo colégio e formado por sete alunos, Sofia e Laura D'Amaro eram, também de 14 anos, eram as únicas meninas. "Não é que nós não temos interesse por essa área, mas somos desestimuladas. Querem que a gente brinque de outras coisas ou que tenhamos outros interesses", diz Laura.
Antes de começar o projeto, Laura não sabia nem mesmo que tinha interesse pela ciência. Ela conta que queria fazer Direito, mas descobriu que gosta de pesquisar, fazer contas e experimentos. “Adorei fazer os cálculos sobre a velocidade dos foguetes, calcular a trajetória do satélite”, lembra. Antes de começar o projeto, ela pretendia cursar Direito. “Fiquei fascinada em pensar que posso trabalhar com isso. Então, mudei de ideia e agora estudo para ser engenheira aeroespacial."
Por 7h17 da sexta-feira, duas astronautas deixaram a ISS e "caminharam" em pleno espaço sideral para consertar um equipamento com defeito. Embora seja uma operação comum na Estação Espacial, foi a primeira vez na história que a dupla era formada só por mulheres.
“Foi uma grande honra, um símbolo da exploração para todos aqueles que ousam sonhar e trabalham duro para realizar seu sonho”, disse Jessica Meir, de 42 anos, uma das astronautas. O conserto foi feito ao lado da engenheira eletricista Christina Koch, a segunda mulher. Elas estão a cerca de 410 quilômetros da superfície da Terra.
Em 1963, a cosmonauta Valentina Tereshkova, da União Soviética, foi a primeira mulher no espaço, seguida de sua conterrânea Svetlana Savitskaya, em 1982. No ano seguinte, Sally Ride se tornou a primeira americana no espaço. O programa Ártemis, da Nasa, tem o objetivo de levar um homem e uma mulher à Lua em 2024.
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