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Abelhas invasoras ganham vantagem ao se misturar às nativas

Cruzamento apresenta seleção não-aleatória de genes, que leva a uma maior adaptação das abelhas invasoras

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Por Redação
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Quando os vikings decidiam fixar residência, eles normalmente casavam com as mulheres nativas procurando se misturar à população local. Abelhas invasoras podem estar fazendo o mesmo. A invasão de novas populações de abelhas tem atraído atenção nos últimos anos, com a dispersão das chamadas abelhas africanizadas, ou "abelhas assassinas", saídas da América do Sul em direção ao norte do continente. Quando uma nova espécie invade uma região já povoada por abelhas, as duas espécies cruzam entre si e ganham vantagens dos genes dos seus antecessores, pesquisadores reportam na edição dessa semana do periódico Proceedings of the National Academy of Sciences. Charles W. Whitfield, professor-assistente de entomologia na Universidade de Illinois, estudou os genes de abelhas na África, Europa, Ásia e Américas, concentrando sua atenção em áreas em que invasões severas ocorreram, como o Brasil. A equipe de Whitfield descobriu que quando as abelhas invasoras cruzam com as locais - no caso da América do Sul, abelhas do oeste europeu que estavam em território americano há séculos -, os genes não se juntavam apenas aleatoriamente, como seria de se esperar, misturando na mesma proporção as partes funcionais e não-funcionais do genoma. "Nós propusemos a questão: é a hibridização um processo essencialmente aleatório?", disse o co-autor Amro Zayed. "O que encontramos, na verdade, foi uma preferência pelas partes funcionais do genoma da abelha do oeste europeu, em detrimento às não-funcionais." Essa combinação pareceu dar às invasoras uma vantagem sobre suas antecessoras, embora os pesquisadores não tenham conseguido determinar exatamente como as novas abelhas se beneficiavam. Pode ser que certos fenótipos novos sejam benéficos para sobrevivência na área ocupada, ou simplesmente que o fato de serem insetos híbridos seja um benefício genérico, eles disseram. A pesquisa foi patrocinada pela Universidade de Illinois e pela National Science and Engineering Research Council of Canada.

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