Acordo prorroga prazo para restrições à pesca da lagosta

Caçoeiras poderão ser utilizadas até janeiro de 2003, mas número de embarcações envolvidas na atividade terá que diminuir

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Por Agencia Estado
Atualização:

O grupo de trabalho criado pelo Ibama para tentar reverter o declínio da produção nacional de lagosta, provocado pela pesca predatória, decidiu ampliar o prazo de 1o de maio para suspensão do uso das caçoeiras (espécie de rede utilizada pelos pescadores), determinado por portaria do Ibama no início do ano, para 1o de janeiro de 2003. ?Neste período, vamos tentar implantar um plano de gestão da pesca da lagosta, com um zoneamento que vai do Amapá ao Ceará, do Rio Grande de Norte a Alagoas e da Bahia ao Espírito Santo?, explica a relatora do grupo, Sônia Martins de Castro e Silva, engenheira de pesca do Ibama no Ceará. Segundo Sônia, somente no Ceará - Estado que possui 70% da frota pesqueira da lagosta - 72% das embarcações usam esse tipo de rede e não teriam como substituir, até maio, esse sistema pelo covo (armadilha para pescar lagosta, menos danosa para a lagosta e para o meio ambiente). ?Não teríamos nem como fabricar tantos covos nesse período. Por isso, vamos usar todo o ano de 2002 para fazer as adaptações nas embarcações?, explica. O grupo de trabalho, formado por insdustriais, armadores, pescadores, pesquisadores, ambientalistas e governo, esteve reunido segunda e terça-feira, em Brasília, para discutir a nova política de pesca da lagosta e deverá, dentro de 30 dias, decidir o tamanho da redução do número de embarcações necessário para barrar a queda na produção. Além disso, deverá haver mudanças no período de defeso da espécie e no tipo de embarcações utilizadas. De acordo com dados do Ibama, a produção da lagosta passou de 10.800 toneladas em 1995, para menos de 6.500 toneladas em 1999. ?Ou reduzimos o número de pessoas envolvidas na atividade, ou não haverá lagosta para ninguém?, ressalta Sônia. ?Atualmente, estimamos que existam 2.800 embarcações no País dedicadas à pesca da lagosta. Pelas pesquisas realizadas, entre 900 e 1000 deverão sair da atividade para garantir a continuidade dos estoques?, disse a engenheira. O grupo de trabalho deverá propor, ainda, incentivos do governo para minimizar os impactos sociais das medidas, como investimento em outros tipos de pesca e captura. Segundo Sônia, somente no Ceará, existem cerca de 100 mil pessoas que dependem direta ou indiretamente da pesca da lagosta. ?Essa atividade foi por muito tempo o principal item de exportação do Estado e hoje ocupa o quinto lugar. Nos últimos dez anos, as exportações caíram de US$ 53 milhões para US$ 35 milhões.?

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