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Amapá cria corredor ecológico de 10 milhões de hectares

Mosaico de unidades de conservação e terras indígenas é maior do que Portugal e foi anunciado em Durban, na África do Sul.

Por Agencia Estado
Atualização:

O governador do Amapá, Waldez Góes, anunciou a criação do maior corredor ecológico do Brasil, hoje (16/9) no Congresso Mundial de Parques, em Durban, na África do Sul. O Corredor da Biodiversidade do Amapá terá mais de 10 milhões de hectares, área superior a Portugal, protegendo mangues, cerrados, florestas tropicais, florestas de altitude e terras alagadas, localizadas entre o Escudo das Guianas e a Amazônia. Corredores ecológicos são composições (ou mosaicos) de parques, reservas e terras indígenas, estaduais ou federais, manejados em conjunto, de forma a facilitar o trânsito de animais silvestres e permitir a troca genética da fauna e flora, diminuindo os impactos negativos da fragmentação de ecossistemas sobre a biodiversidade. Doze unidades de conservação - 2 parques nacionais, 1 reserva de desenvolvimento sustentável, 3 estações ecológicas, 3 reservas biológicas, 1 reserva extrativista, 1 área de proteção ambiental e 1 floresta nacional ? integram o novo corredor do Amapá, junto com 4 terras indígenas ? das etnias Juminá, Galibi, Uaçá e Waiapi ? onde vivem cerca de 4.500 índios. A conexão entre as áreas ainda isoladas será feita por 3 novas unidades de conservação, conciliando zonas de proteção integral e de uso sustentável, onde serão autorizados sistemas agroflorestais e projetos de ecoturismo. Duas destas unidades estão no litoral, para proteger os manguezais. O corredor é praticamente uma nova proposta de gestão do estado do Amapá, pois abrange mais de 70% do território estadual total (de 14 milhões hectares). ?É uma oportunidade de manejo integrado, que aproxima o estado das unidades de conservação federais?, dïsse à Agência Estado, por telefone, o governador Waldez Góes. ?A União está muito distante do Amapá e ficamos sem possibilidade de gestão dos parques e reservas. Com o corredor, poderemos manejar o conjunto das áreas protegidas, que, entre outras coisas, garantem a qualidade das bacias hidrográficas e praticamente toda nossa biodiversidade?. Desafio ?A repercussão da criação do corredor, entre os representantes da comunidade conservacionista mundial, foi extremamente positiva e, agora, nosso maior desafio é mostrar, com experiências concretas, que a conservação da biodiversidade pode gerar desenvolvimento sustentável, envolvendo as comunidades locais, atividades produtivas e de pesquisa?, prossegue o governador. ?Para tanto precisamos capacitar e valorizar técnicos locais, estudantes e pesquisadores do Amapá; investir em infra estrutura de acesso às áreas protegidas e ampliar a participação das comunidades locais, cada vez mais interessadas neste novo modelo, que vem substituir o anterior, concentrado em atividades pontuais como a mineração?. A flora e fauna das áreas protegidas ainda não totalmente conhecida, mas as estimativas apontam um índice altíssimo de biodiversidade, justificando a prioridade para a conservação. Só no Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, de 3,8 milhões de hectares, uma das áreas centrais do novo corredor, existem pelo menos 20 mil espécies de plantas, com cerca de 35% de endemismos. Entre os animais vertebrados, estimam-se cerca de 975 espécies de aves, 282 de mamíferos (27 endêmicas), 280 de répteis (76 endêmicas); 272 de anfíbios (127 endêmicas) e 2.200 de peixes de água doce (mais de 700 endêmicos). Além disso, ocorrem ali diversas espécies, que figuram na lista vermelha de amaçadas de extinção, como as onças pintada e parda (suçuarana), o gato-do-mato e os macacos cuxiú (Chiropotes satanas) e coatá (Ateles paniscus). Fundo de gestão A conexão e a manutenção das diversas unidades formadoras do corredor contarão com recursos de um fundo fiduciário de US$ 15 milhões, para aplicação nos primeiros quatro anos. O fundo será estabelecido pelo governo do Amapá e já tem uma contribuição de US$1,6 milhão, da Conservation International (CI), parceira do governo neste projeto. Os recursos serão inicialmente destinados à gestão das áreas protegidas, capacitação de recursos humanos locais para estudos relacionados à biodiversidade e pesquisa de alternativas econômicas para as populações rurais do entorno das unidades de conservação. ?O Amapá está promovendo uma verdadeira mudança na escala da conservação da Amazônia e do mundo e merece ser reconhecido pelo trabalho de conservação e promoção do uso sustentável dessa área prioritária?, disse, em nota à imprensa, o presidente da CI, Russel Mittermeier. Parques nos Brasil Corredor de Biodiversidade do Amapá

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