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Amazônia, maior reserva de biodiversidade do planeta

Considerada a mais importante das grandes Regiões Naturais da Terra, a Amazônia abriga, de longe a maior quantidade de espécies de fauna e flora

Por Agencia Estado
Atualização:

Que a Amazônia é a maior floresta tropical intacta do planeta, todos sabem. Também não é segredo que, dentre todas as florestas, a Amazônia perde em extensão apenas para as boreais, quando se somam as áreas de dois continentes, abrangendo Rússia, Canadá e Alasca. Mas talvez não se tivesse a certeza, até agora, que, em termos de biodiversidade, não há nenhuma outra dentre as grandes regiões naturais da Terra, que se compare à Amazônia. E também nunca foram reunidos, numa mesma publicação, tantos dados sobre o atual estado de conservação e os desafios para protegê-la. 36 especialistas O capítulo dedicado à Amazônia, do livro Wilderness: Earth?s Last Wild Places, da Conservation International e da Agrupación Sierra Madre, é assinado por 36 autores, entre os quais estão alguns dos maiores especialistas em fauna e flora da região. A publicação deve ser lançada no Brasil ainda no primeiro semestre de 2003. Até lá, é possível consultar alguns dados via internet, no site da CI (http://www.conservation.org). A Agência Estado teve acesso, com exclusividade, ao texto deste capítulo, do qual foram extraídas algumas informações aqui reproduzidas. No livro, os autores definem a Amazônia como as florestas limitadas a oeste pelos contrafortes dos Andes, até a cota 500, acima da qual já se considera área do Hotspot Andes Tropicais. Os limites leste e norte estão no Oceano Atlântico; a noroeste ficam os Llanos da Colômbia e Venezuela; ao sul e sudoeste, os cerrados e florestas de transição do Brasil Central e a sudeste, a caatinga nordestina. Ecorregiões Nesta região distinguem-se 34 ecorregiões, das quais 17 são florestas tropicais densas e úmidas, a maioria delimitada por grandes rios; 5 são florestas inundáveis, de várzea; uma é a chamada campinarana, um tipo de floresta mais baixa e mais aberta, de solo arenoso; duas são florestas pantanosas costeiras; quatro são florestas de mangue; duas são enclaves de cerrados e floresta de transição; uma é constituída pelo ecossistema dos tepuis, grandes formações rochosas de escarpas íngremes e com uma vegetação única no topo plano, com alto número de espécies endêmicas e duas são florestas secas de transição. A soma de todas estas 34 ecorregiões dá 6.241.270 km², podendo chegar a 6.655.277 km², se forem acrescentadas as florestas de transição do Mato Grosso, mais 14,226 km2 de rios, totalizando 6.683.926 km2, divididos entre nove países. A maior área ? 63,7% do total ? fica no Brasil. Atualmente, de acordo com a publicação, a Amazônia responde por 53% das florestas tropicais ainda em pé, é 3 vezes maior do que o Congo e 8 vezes maior do que as florestas da Ilha de Nova Guiné (Micronésia). Entre as árvores de tantas combinações fica a maior área mundial de drenagem de uma bacia hidrográfica, com algo entre 6.144.727 km² e 7.050.000 km2, dependendo de como se definem os divisores de águas. Dimensões gigantescas Há controvérsias, ainda, quanto ao rio Amazonas ser o mais extenso do mundo, depois da descoberta de um pequeno rio, Carhuasanta Creek, que seria a verdadeira nascente do Amazonas, no pico Nevado Mismi. Os cálculos da extensão total do Amazonas, então, ainda variam entre 6.275 km e 7.872 km, sendo que o Nilo, antes confortável na primeira posição, tem 6.700 km. A vazão média do rio Amazonas é calculada em 175.000 m³ por segundo, correspondendo a algo entre um quinto e um sexto do total de água doce fluvial do planeta, uma descarga 4 vezes maior do que a do rio Congo e 10 vezes mais potente do que a do Rio Mississipi. O Amazonas, porém, não é único rio superlativo da região. Entre seus afluentes estão vários rios que também figuram entre os maiores do mundo, como o Negro, que tem a segunda maior vazão do planeta e contribui com 15% do que o Amazonas descarrega no Atlântico, excedendo, sozinho, a vazão combinada de todos os rios europeus. O complexo arranjo entre os limites das ecorregiões e as barreiras impostas pelos imensos rios contribui para a biodiversidade, diferenciando a vegetação e a fauna de cada margem, de cada conjunto único de meio físico e microclima. Nas florestas inundadas, em particular, as enormes variações entre a época das cheias e das vazantes, ao longo do ano, e as variações de um ano para outro, criam um ambiente instável, ao qual plantas e animais tiveram de se adaptar através da especialização. Também a dinâmica de erosão e sedimentação ao longo das margens dos rios, resultante da força brutal das águas, impõe à vegetação e animais ribeirinhos uma dinâmica própria de adaptação. E a estrutura tri-dimensional da floresta, com micro ambientes muito diversos entre a copa das árvores e o solo, permite a criação de vários nichos, que acabaram acomodando espécies muito distintas. A cada ano uma nova espécie A Amazônia abriga nada menos do que 40 mil espécies de plantas, das quais 30 mil são endêmicas, ou seja, só existem ali. Só estas endêmicas correspondem a 10% de todas as plantas conhecidas no mundo. E nada menos do que 80% das plantas pesquisadas a partir da copa ? entre árvores e lianas ? são endêmicas. Entre os 427 mamíferos amazônicos conhecidos, 173 são endêmicos. O grupo de mamíferos com maior número de espécies é o dos morcegos (158), seguido pelos roedores (110). As espécies de primatas também já são numerosas (81) e continuam sendo descobertas, à razão de quase uma por ano, o que é um índice altíssimo para os dias atuais. A estimativa é de que o número total de espécies de mamíferos amazônicos ainda vai crescer muito, com as revisões e as novas descobertas em andamento, devendo ficar próximo de 500. Das 1.294 espécies de aves já catalogadas na Amazônia, 260 são endêmicas. A riqueza em espécies de aves é maior nas áreas úmidas do oeste amazônico e o gênero com maior número de representantes diferentes é o dos pássaros papa-insetos (172 espécies, 25 endêmicas). Os 378 tipos de répteis se dividem entre lagartos (138 espécies) serpentes (196 espécies), tartarugas (21), jacarés (5) e ?cobra-cegas? (18 espécies). O total de espécies de anfíbios é 427, dentre as quais 364 são endêmicas.

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