Ambientalistas vêem ameaça à Billings com flotação

Para eles, liberação do sistema no Rio Pinheiros, pela Justiça, significa levar poluição para a represa

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Por Agencia Estado
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Os ambientalistas não ficaram satisfeitos com a decisão da Justiça de permitir a retomada do sistema de flotação das águas do Rio Pinheiros. Mostrando-se decepcionado com a decisão, o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) e coordenador da campanha Billings, Te Quero Viva, Carlos Bocuhy, disse que "a flotação é um tratamento parcial e primário, incapaz de tornar as águas do Pinheiros balneáveis". Segundo o engenheiro Élio Lopes dos Santos, perito do Ministério Público, o sistema de tratamento pela flotação vai enviar muito material orgânico para a Billings, piorando a qualidade da água. "Como a flotação só tira 65% do material orgânico, a Billings passará a receber 17,5 m³ de esgoto por segundo, além de amônia total, metais pesados em estado solúvel e pesticidas organoclorados." Degradação De acordo com Bocuhy, o aumento da carga poluidora, associado à ressuspensão dos poluentes contidos no fundo do reservatório, poderá levar à paralisação do sistema Taquacetuba, fornecedor de água para a Represa de Guarapiranga, que abastece a zona sul da cidade. "Sem esse sistema de apoio, a Guarapiranga entraria em colapso e haveria completo blecaute de abastecimento na zona sul", prevê. Em sua opinião, "o desperdício de água doce na região metropolitana de São Paulo vai contra qualquer sistema de gestão adequado e a geração de energia nunca poderia ser justificada com a degradação da Billings". Iodo Para o representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), Cláudio Scarpinella, "há outros locais onde a flotação teve sucesso, mas quando associada a sistemas de tratamento secundário, utilizando, por exemplo, cloro, como ocorre no Piscinão de Ramos, no Rio". Segundo ele, na Billings, o uso do cloro seria impossível, pela dimensão e efeitos adversos, como a proliferação de algas tóxicas. Os ambientalistas também estão preocupados com o fato da flotação retirar o iodo das águas do rio, o que vai fazer com que o mau cheiro tome conta da Marginal do Pinheiros. Afirmam ainda que o projeto levará mais poluição ao estuário de Santos.

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