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Análise mostra tóxicos nos rios Pomba e Paraíba do Sul

A análise revela que o risco de contaminação ainda persiste em sedimentos no fundo e nas margens dos rios, supostamente despejados no acidente provocado há dois meses pela Indústria de Papel Cataguazes, em Minas

Por Agencia Estado
Atualização:

Análise de sedimentos coletados em quatro pontos dos rios Pomba e Paraíba do Sul constatou o risco de contaminação por substâncias tóxicas como dioxinas e furanos, supostamente despejados no acidente provocado há dois meses pela Indústria de Papel Cataguazes, em Minas. As amostras foram coletadas nos municípios de Aperibé, São Fidélis, Campos e São João da Barra, afetados pelo desastre ambiental. Em março, cerca de 1 milhão de metros cúbicos de rejeitos químicos vazaram de um reservatório da Cataguazes, atingindo os dois rios. Na ocasião, o consumo de água e a pesca foram proibidos na região. Mas a análise revela que o risco de contaminação ainda persiste em sedimentos no fundo e nas margens dos rios. O estudo foi encomendado pelo deputado Carlos Minc (PT), vice-presidente da comissão de meio ambiente da Assembléia Legislativa do Rio, e realizado pelo laboratório Analytical Solutions. A maior concentração de substâncias tóxicas foi encontrada nas amostras coletadas em Campos: 270 picogramas (um quatrilhão de uma grama) por quilo. Não existe, porém, um limite máximo estabelecido para a presença de dioxinas e furanos em sedimentos no País. ?A simples existência mostra que há contaminação. A proporção é baixa, mas não há um padrão no Brasil. O tipo encontrado é compatível com a substância usada no processo de produção de papel, por isso acreditamos que foi despejado pela Cataguazes?, afirmou Minc. ?Ao contrário do que foi dito, que a água passou e está tudo bem, há um passivo ambiental, que está nos sedimentos dos rios. É um sinal de alerta que precisa ser investigado.? O deputado vai encaminhar o relatório ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), às prefeituras locais e ao Ministério Público Federal (MPF). Ele quer que sejam feitas novas análises nos sedimentos, mais aprofundadas, e o monitoramento dos peixes da região, que podem estar contaminados. As amostras analisadas foram coletadas no dia 8 de abril. A presidente da Feema, Isaura Fraga, afirmou que análises da água não constataram a presença de dioxinas. ?Nós garantimos que não há risco de contaminação da água. Nós fizemos análises com o mesmo laboratório e não encontramos nenhum indício. Não existe um padrão no País, mas o nível encontrado nos sedimentos está abaixo daquele permitido na Alemanha?, disse ela. Os advogados da Cataguazes não foram localizados.

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