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Ararinha azul chega ao Brasil para "casamento"

Ibama e criador particular tentarão parear fêmea vinda de Tenerife com macho de Recife, para salvar espécie, que já não existe mais na natureza

Por Agencia Estado
Atualização:

Chega amanhã ao Brasil, cercada de cuidados e com direito a tratamento vip no avião, uma fêmea de ararinha azul (Cyanopsitta spixii) vinda de Tenerife, na Espanha. Ela veio da Fundacción Loro Park e vai para o Criadouro Científico Chap arral, onde será apresentada a um macho "viúvo", com a expectativa de que formem um casal e se reproduzam. A espécie, nativa do sertão baiano, já não existe mais em habitat natural e mesmo em cativeiro só se tem notícia de 60 indivíduos vivos, em todo o mundo. Por isso, os pareamentos são "arranjados" por computador, considerando o máximo de diversidade genética, que se pode obter com estes espécimes. "Araras são animais muito sociáveis, que se adaptam facilmente uns aos outros, mas têm uma tendência à monogamia, então pode haver entrosamento, mas ainda não sabemos se procriarão", diz Carlos Bianchi, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), atual gerente de linhagem (studbook keeper), responsável pela definição dos melhores "casamentos", do ponto de vista genético. Neste caso, como convém às estrelas da moda, a fêmea é bem mais velha do que o macho: ela tem 26 anos e ele,15. Estima-se que as ararinhas azuis vivem até 35 anos, em cativeiro, o que significa que esta fêmea teria mais 3 ou 4 anos de vida fértil. "O entrosamento do casal até chegar à procriação pode durar de 4 meses até 3 anos, portanto estamos apostando nas últimas chances de reprodução desta fêmea", acrescenta Bianchi. O macho é pai de duas fêmeas jovens, nascidas no mesmo criadouro, uma das razões que pesou na hora da escolha do ambiente para o pareamento. Dada a raridade da espécie e a idade da "noiva", a companhia aérea abriu uma exceção e concordou em transportar a ave na cabine de passageiros. Ela vem numa caixa apropriada, acompanhada por Iolita Bampi, do Ibama, até São Paulo. Depois segue para Recife , escoltada por Carlos Bianchi. Outros dois pareamentos estão previstos, com os dois machos do Zôo de São Paulo e duas fêmeas de um criador suíço, Hollan Messer, que tem 18 ararinhas desta espécie. Um dos machos iria para a Suíça, que cederia uma fêmea para o Brasil. Mas ainda falta aplainar o caminho "diplomático" para este arranjo, pois o criador suíço não concordou com a troca. O Brasil solicitou a cessão da propriedade de todas as ararinhas azuis às autoridades dos países que tem a espécie em cativeiro, com base na Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Ameaçadas de Extinção (Cites). Os criadores, que cederem este direito de propriedade mantém os animais, mas os enviam para pareamentos, quando necessário, visando o bem da espécie, como no caso da Fundacción Loro Park. Porém a Suíça ainda não se pronunciou sobre o assunto.

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