Arqueólogos encontram peças de ritual funerário indígena

Descoberta de cientistas do projeto Soberanos da Costa ajudará a entender cultura dos goitacás

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Por Agencia Estado
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Uma equipe de arqueólogos do Museu Nacional descobriu vestígios da passagem de índios da tribo goitacás, que viviam no estado do Rio na época do descobrimento do Brasil, em Iguaba e Araruama, duas cidades da Região dos Lagos. Operários de uma estrada em obras alertaram a arqueóloga Jeanne Cordeiro, pesquisadora associada do museu, para a descoberta. No local, foram encontrados restos de rituais funerários, como peças de cerâmica e resquícios de ossos de humanos e de animais, provavelmente usados como oferendas durante as cerimônias. Com as peças, os pesquisadores esperam reconstituir a maneira como os índios sepultavam seus mortos. Já se sabe, por exemplo, que os inimigos não eram enterrados como ocorria com os integrantes da aldeia. Eles tinham os corpos retalhados e depois comidos. Os goitacás vêm sendo estudados pelo projeto Soberanos da Costa, que há mais de dez anos busca compreender o processo de ocupação da região litorânea do Estado. O projeto já recuperou, por exemplo, as histórias dos sambaquieiros - nativos que habitavam a costa dois mil anos atrás - e dos tupinambás que, assim como os macros-jês - tronco ao qual pertencem os goitacás -, vieram da Amazônia e da região central do Brasil. A descoberta da Região dos Lagos é importante por se tratar do primeiro sítio arqueológico de macro-jê em boas condições para pesquisa. ´O solo do Rio foi muito destruído pelas culturas da cana-de-açúcar e do café. Agora, pela primeira vez, achamos vestígios de macrojê intactos´, afirma Maria Dulce Gaspar, professora do Museu Nacional e coordenadora do projeto. Ela contou que os moradores dos municípios têm sido conscientizados sobre a relevância arqueológica da região, para que avisem quando encontrarem algum vestígio.

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