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Artista reaproveita árvores para prevenir queimadas

A exposição de trabalhos do artista Luiz Galvão é um dos resultados do projeto Fogo: Emergência Crônica, desenvolvido em 28 municípios na Amazônia, de educação contra as queimadas.

Por Agencia Estado
Atualização:

Em vez de cinzas, os 40 metros de um tronco de cumaru-ferro foram transformados em 20 pés de mesa pelo artista plástico Luiz Galvão. Ele conta que o madeireiro viu a árvore oca, desistiu de serrá-la em tábuas e a largou derrubada na floresta. "Certamente seria queimada." Mas antes disso, ribeirinhos arrastaram o tronco para oficina de Galvão. Um exemplar dessa obra e outras 500 peças fabricadas com resíduos de madeira, cascas de árvores, fibras naturais e cerâmicas estão expostas na Embaixada da Itália. A exposição é um dos resultados do projeto Fogo: Emergência Crônica, desenvolvido em 28 municípios na Amazônia sob o patrocínio do governo italiano, que investuiu R$ 5 milhões em três anos, em parceria com a organização não-governamental Amigos da Terra. A criação é de Galvão, mas as peças foram executadas por 150 ribeirinhos e índios. O trabalho encanta, como o abajur feito com a entrecasca da árvore sumaúma - que lembra um papiro - e bordado com desenho indígena do século XIX. O artista já trabalha na Amazônia há duas décadas. "Só se preserva o meio ambiente atendendo primeiro o homem", diz. Fogo O projeto é mais educativo do que repressivo. Não se proibiu o agricultor de fazer queimadas, apesar de às vezes o fogo escapar ao controle e acabar provocando grandes incêndios na floresta. Os agricultores aprenderam plantar abacaxi e pupunha no limite da roça. "Essas plantas não queimam e formam uma barreira que evita os incêndios", informa o coordenador do projeto, Franco Perlotto. Ele conta que contrataram dois pneumologistas do Hospital das Clínicas para percorrer os municípios e explicar que o abuso das queimadas aumenta a incidência de problemas respiratórios. O projeto financiou também a criação e execução das peças expostas na embaixada, e que serão vendidas apenas em Roma. Segundo Perlotto, a exposição ajuda a mudar a mentalidade da sociedade, desde o ribeirinho que aprende ser possível ganhar dinheiro utilizando resíduos de madeira sem precisar cortar novas árvores.

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