As virtudes da verticalidade

Pesquisas de duas universidades israelenses mostram que trabalhar em pé parece aumentar o desempenho cognitivo

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Por Redação
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THE ECONOMIST - As mesas de escritório em que a pessoa trabalha em pé estão na moda. São abundantes as evidências de que passar muito tempo sentado faz mal à saúde. E tudo indica que trabalhar na vertical é mais saudável. Mas será que também faz bem para o trabalho em si? Aparentemente, sim. É o que mostra uma pesquisa realizada por professores de duas instituições acadêmicas israelenses – Yaniv Mama, da Universidade Ariel, e David Rosenbaum e Daniel Algom, da Universidade de Tel Aviv – cujos resultados foram publicados em setembro no site do periódico Psychological Science.

Na posição vertical, respostas aos cientistas foram mais rápidas Foto: REUTERS/Robert Galbraith

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Ficar em pé exige da pessoa mais esforço do que permanecer na posição sentada. Portanto, deve requerer também maior grau de atenção mental. Os músculos envolvidos precisam ser constantemente monitorados e ajustados pelo cérebro. Experimentos psicológicos indicam que a atenção é um recurso finito. Assim, seria de se esperar que a posição vertical reduzisse a quantidade de atenção disponível para ser utilizada em outras atividades. Por outro lado, pode-se levantar uma contra hipótese, segundo a qual, ao se postar na vertical, a pessoa mantém o corpo levemente tensionado – e experimentos já mostraram que, sob tensão, o desempenho cognitivo melhora.

Para testar as duas possibilidades, Mama e seus colegas submeteram alguns voluntários ao chamado teste de Stroop, dividindo-os em duas turmas. Uma delas realizou o teste sentada; a outra, em pé. Esse teste exige que os participantes (no caso, 50 estudantes universitários) digam a cor em que estão grafadas algumas palavras, as quais, por sua vez, são justamente nomes de cores. Em alguns casos, há identidade entre o significado da palavra e a cor em que ela está grafada. Em outros, não (a palavra “azul”, por exemplo, pode estar impressa com letras amarelas). Décadas de experiência mostram que, quando a cor da palavra não corresponde ao seu significado, a pessoa leva mais tempo para responder do que quando cor e significado são idênticos. Também se sabe que a diferença no tempo de resposta aumenta quando o indivíduo é simultaneamente submetido a outras demandas mentais.

O resultado foi que os que estavam em pé ao realizar o teste tiveram desempenho significativamente melhor do que os que se encontravam sentados. A diferença nas respostas dos voluntários que permaneceram na vertical foi de cerca de 100 milissegundos. Entre os sentados, foi de aproximadamente 120 milissegundos. Em outras palavras, o velho comando militar que diz “atenção, pelotão, sentido!” parece fazer literal e figurativamente sentido. E as pessoas que trabalham em pé talvez estejam não apenas contribuindo para o seu bem-estar, mas também produzindo mais. / TRADUZIDO POR ALEXANDRE HUBNER

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