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Astronauta é estrela em encontro de Lula com Putin

Marcos César Pontes viaja em março, numa nave russa, para a Estação Espacial Internacional (ISS), e faz treinamentos Roskosmos

Por Agencia Estado
Atualização:

O tenente-coronel aviador Marcos César Pontes, de 42 anos, primeiro astronauta - ou cosmonauta, como preferem os russos - brasileiro a viajar para o espaço, foi a grande estrela da formalíssima solenidade de assinatura de três acordos tecnológicos, com a presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Vladimir Putin, no Palácio do Kremlin, a sede do governo. Pontes, que embarca dia 22 de março do ano que vem para uma temporada de dez dias na Estação Espacial Internacional (ISS), está morando desde a semana passada no centro de treinamento da Roskosmos, a agência espacial russa, chamado Cidade das Estrelas, a 25 quilômetros de Moscou, e foi autorizado a deixar o alojamento especialmente para o encontro com os presidentes. Lula prestigiou o astronauta: convidou-o para a mesa principal e o apresentou a Putin. Santos Dumont "Todo ser humano tem o desejo intrínseco de descobrir o que não foi descoberto. Além dos experimentos, vou levar a bandeira do Brasil e o chapéu de Santos Dumont, um herói nacional", disse Pontes aos jornalistas, explicando aos russos quem foi o Pai da Aviação. A missão de Pontes, que vai custar US$ 10 milhões ao governo brasileiro, será levar 15 quilos de materiais para testar a reação em um ambiente de baixíssima gravidade. Casado, pai de Fábio de 19 anos, e de Ana Carolina, de 14, o tenente-coronel disse que, se não receber a visita da família na Rússia, só os verá em abril do ano que vem. "Eles estão sentindo o distanciamento, mas sempre se interessaram e gostaram do que eu faço", disse o astronauta, fã de velhas séries da TV como Perdidos no Espaço, Túnel do Tempo, Terra de Gigantes e Jornada nas Estrelas. Sonho Pontes treinou durante seis anos na Nasa, mas viu o sonho de sair da Terra ameaçado quando a agência espacial americana suspendeu os projetos de novos vôos. Durante um ano, Brasil e Rússia negociaram a inclusão de Pontes na próxima missão da nave Soyuz, que decolará de uma base no Casaquistão. "Sou o tipo de pessoa persistente, picuinha, chato. Não me dou por derrotado até acabar a guerra ou até morrer", confessou. Pontes sabe que viajará com outros dois colegas astronautas, mas ainda não os conhece e sequer sabe se serão dois russos ou um russo e um americano. "Caí de pára-quedas", brincou o oficial. Sempre sereno e aparentemente impassível, Pontes reagiu com delicadeza à provocação de um jornalista russo, que perguntou se tinha escolhido a Rússia depois do fracasso do programa espacial americano. "Lido com pessoas de 15 países e para mim é um orgulho estar na Cidade das Estrelas. Na área espacial, há uma forte cooperação entre Estados Unidos e Rússia", respondeu o astronauta. 2,2 metros de diâmetro Pontes, que, na nave, ocupará um espaço de 2,2 metros de diâmetro até chegar à estação espacial, explicou que, dez minutos depois do lançamento, já estará na órbita da Terra. O mais demorado, disse, é acoplar a nave à estação, o que pode levar até um dia inteiro. Para comer, Pontes levará comida desidratada ou barras de alimentos. Diante de tantos desafios, o tenente-coronel não se assusta com a necessidade de aprender russo em cinco meses, para ler os manuais e os painéis da nave espacial. "Não precisarei ser fluente, mas terei que aprender até certo nível", contou. Quando voltar à Terra, Pontes ainda terá que passar 15 dias no centro de treinamento, para uma readaptação, antes de poder rever a família. O astronauta, paulista de Bauru torcedor do Santos, já sabe a primeira coisa que vai fazer quando voltar ao Brasil: "Botar a mão no chão e falar: `essa terra é minha!´".

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