Astrônomos confirmam planetóide em órbita do Sol

Sedna está a 13,5 bilhões de km da Terra e tem metade do tamanho da Lua. Leva 10.500 anos para completar uma órbita

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Por Agencia Estado
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Astrônomos dos Estados Unidos confirmaram oficialmente nesta segunda-feira a descoberta de mais um planetóide no Sistema Solar. Tem metade do tamanho da Lua e três-quartos do tamanho de Plutão (entre entre 1.250 km e 1.800 km de diâmetro) e fica a pelo menos 13,5 bilhões de km da Terra. Foi batizado como Sedna, deusa dos esquimós que, segundo a lenda, gerou as criaturas do Ártico. Sedna foi localizado em novembro passado, e aguardava-se a confirmação de suas características. Pelas semelhanças com Plutão, o novo objeto poderia ser classificado como o décimo planeta do Sistema Solar - como chegou a ser noticiado -, mas a equipe do California Institute of Technology (Caltech), responsável pela descoberta, preferiu o termo planetóide. Michael Brown, líder da equipe do Caltech, explica que classificar esses objetos é um caso difícil: eles não são planetas, mas também não são meros asteróides. Estão em algum lugar entre as duas coisas. Por isso, Sedna reacende a discussão sobre a definição de Plutão. 240 graus negativos Sedna está no ponto mais distante e gelado do Sistema Solar já identificado, três vezes mais longe do Sol do que Plutão. Fica além, inclusive, do Cinturão de Kuiper, um anel de corpos gelados acumulados na borda do sistema. Os pesquisadores suspeitam que ele faça parte da Nuvem de Oort, um ainda hipotético aglomerado de objetos do qual surgem os cometas. Sua temperatura gira em torno de 240 graus negativos e ele leva 10.500 anos para completar cada volta ao redor do Sol, numa órbita acentuadamente elíptica. "Achamos que este é um dos objetos mais primordiais do Sistema Solar", disse Brown. "O Sol aparece tão pequeno daquela distância que você poderia bloqueá-lo completamente com a cabeça de um alfinete." Desde 1930 Trata-se do maior objeto do Sistema Solar descoberto desde Plutão, em 1930. A equipe do Caltech fez a descoberta graças ao novo telescópio espacial Spitzer. O equipamento foi lançado pela Nasa, a agência espacial norteamericana, em agosto de 2003, tornando possível analisar raios infravermelhos de uma forma inédita. A primeira observação de Sedna, em novembro, foi feita por Brown, Chad Trujillo, do Observatório Gemini (Havaí) e David Rabinowitz, da Universidade de Yale, usando um telescópio de 122 cm do Observatório Palomar de San Diego. O Spitzer foi então direcionado para Sedna, com o objetivo de confirmar suas características. E Plutão? Se Sedna não é um planeta, na definição dos três astrônomos, Plutão também não é. Para eles - e para muitos outros pesquisadores - o suposto nono planeta seria apenas o maior dos objetos do Cinturão de Kuiper descobertos até agora. "Se Plutão é um planeta, você poderia considerar (esses objetos e Sedna) como tal. Mas, na minha opinião, nenhum deles é", disse Brown. A descoberta do planetóide reforça, portanto, a posição daqueles que nunca concordaram com a idéia de Plutão como o nono planeta do Sistema Solar. Antes de Sedna, outro planetóide já havia sido descoberto, no Cinturão de Kuiper, além da órbita de Plutão: Quaoar, com tamanho um pouco inferior ao do astro descrito agora.

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