A Via Láctea pode ter rasgado e destroçado uma galáxia menor bilhões de anos atrás, dispondo as estrelas da ?vítima? num gigantesco anel. Uma nova pesquisa sobre a periferia da Via Láctea, a galáxia que contém a Terra, descobriu um cinturão de estrelas que são diferentes, tanto quimicamente quanto em termos de movimento, das estrelas contidas pela nossa galáxia. Os dados sugerem que esse anel é composto pelos restos de uma colisão que pode ter ocorrido há 10 bilhões de anos. O cinturão, com cerca de 120.000 anos-luz de diâmetro, tem a forma de um ?donut?, com a Via Láctea ao centro. ?Essa é uma coisa que não esperávamos encontrar?, disse Heidi Jo Newberg, do Instituto Politécnico Rensselaer. Ela e Brian Yanny, do Laboratório Acelerador Nacional Fermi descobriram o anel durante a Pesquisa Digital do Céu Sloane, um projeto que pretende determinar a posição e o brilho de 100 milhões de corpos celestes. Uma equipe européia, usando equipamentos diferentes, confirmou a existência do cinturão de estrelas. Newberg e Yanny apresentaram sua descoberta nesta segunda-feira, durante uma reunião da Sociedade Astronômica Americana. Bruce Margon, do Space Telescope Science Institute, disse que a nova descoberta é ?evidência vívida da destruição de uma galáxia?, e que era ?embaraçoso? que o anel não tivesse sido detectado antes. ?Já foi incorporado ao folclore que galáxias maiores estraçalham e devoram as menores?, disse Margon, afirmando que a nova pesquisa mostra que toda uma galáxia pequena foi, um dia, engolida pela Via Láctea. Yanny disse que o anel contém de 100 milhões a meio bilhão de estrelas, girando ao redor da Via Láctea num período orbital de dezenas de milhares de anos. Estudos anteriores já haviam mostrado que a Vila Láctea tinha atacado galáxias menores. Supõe-se que uma estrutura conhecida como a corrente de maré de Sagitário, que circula a Via Láctea obliquamente, represente os restos de uma outra galáxia. E astrônomos já encontraram sinais de que nossa galáxia vem ?canibalizando? as Nuvens de Magalhães, uma galáxia próxima que deverá ?cair? na Via Láctea dentro de poucos bilhões de anos.