Ataques de tubarões assustam a Flórida

Especialista diz que ataques a dois jovens foram "espantosos e sangrentos", mas estão dentro da "normalidade" da temporada

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Os ataques de tubarões, que recentemente deixaram uma jovem morta e um adolescente ferido nas paradisíacas praias da Flórida, assustam os banhistas e as autoridades de turismo do estado. As praias de Panhandle, no Golfo do México, já foram reabertas, mas pouca gente se atreve a entrar nas águas da região, onde os dois ataques ocorreram em 48 horas. "Adoramos a praia. Não conseguimos deixar de vir, mas não nos molharemos", disse Celia Johnson, que tomava sol junto com seus dois filhos pequenos na praia de Cabo San Blas, onde na segunda-feira passada um tubarão quase destroçou a perna de Craig Hutto, de 16 anos. Dois dias antes, uma menina de 14 anos, Jamie Marie Daigle, morreu por causa do ataque de um tubarão quando nadava com uma prancha a cerca de cem metros da areia, em outra praia da região. "O que contam é para atemorizar as pessoas", disse Johnson em referência à ampla cobertura nos Estados Unidos sobre os ataques dos tubarões. Em Miami, os medos são parecidos. "Nem que me paguem entro na água. Agora tenho a vantagem de ter mais tempo para ficar olhando as mulheres", disse Wilhem Arriagada, um jovem venezuelano que passa férias em Miami. Enquanto pescava Os pais de Craig Hutto, que teve a perna direita amputada, não se cansam de agradecer às pessoas que salvaram a vida do adolescente. Roger e Lou Ann Hutto afirmaram que seu filho, que hoje se recupera satisfatoriamente num hospital, teria morrido se não fosse o trabalho milagroso de um médico, três enfermeiras e um paramédico que estavam por acaso na praia na qual o jovem foi atacado por um tubarão touro, enquanto pescava em águas que não batiam no peito. Na Flórida, as autoridades dizem que os ataques são incidentes comuns na época do verão, quando normalmente os tubarões touro chegam ao Golfo do México e à costa leste do Estado, onde também há tubarões brancos e tigres. A mensagem mais repetida é a de que é preciso tomar as precauções necessárias, mas sem exageros. "O mar não é uma piscina pública, é necessário ser cuidadoso", disse Vanessa Welter, porta-voz do Visit Florida, escritório de promoção do turismo do estado. Sempre em grupo Entre as recomendações das autoridades e da televisão, são repetidos incansavelmente pedidos para que os banhistas nadem sempre em grupo, não se afastem do litoral, não entrem na água com uma ferida ou menstruando, evitem usar jóias brilhantes e cores vivas e não façam movimentos excessivos com as mãos e as pernas dentro d´água. George Burgess, especialista em ictiologia da Universidade Internacional da Flórida, disse que os ataques aos dois jovens foram "espantosos e sangrentos", mas estão dentro da "normalidade" da temporada de verão. "Já tínhamos tido seis ataques antes destes dois e seguramente teremos mais. Normalmente ocorrem cerca de 30 incidentes anualmente", afirmou o especialista. De acordo com as estatísticas, por ano acontecem cerca de cem ataques de tubarões a seres humanos, com 5 a 15 mortos. A Flórida é a região dos EUA e do mundo onde este tipo de incidente ocorre com mais freqüência. Entre 2000 e 2003, a média de ataques ali foi de 30 (2,4 mortais), com exceção do ano passado, quando caíram para 12 devido aos quatro furacões que atingiram o Estado em agosto e setembro. Mas especialistas em turismo como o professor Geoffrey Godbey, da Universidade de Penn State, confiam na "memória curta dos turistas" e esperam que as praias da Flórida fiquem lotadas no fim de semana prolongado do feriado de 4 de julho, Dia da Independência dos EUA.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.