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Atuação da polícia ambiental de Minas é duramente criticada

?O desastre ambiental demonstra que houve negligência dos órgãos que deveriam acompanhar o estado da lagoa de rejeitos da Indústria de Papel e Celulose de Cataguazes e a contenção dos riscos de vazamento?, disse o chefe da Divisão de Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura no Rio, Celso Merola Junger

Por Agencia Estado
Atualização:

O chefe da Divisão de Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura no Rio, Celso Merola Junger, afirmou nesta segunda-feira que houve negligência da polícia ambiental mineira no acidente que provocou o vazamento de, segundo ele, pelo menos 1,6 bilhão de litros de produtos químicos (soda cáustica, chumbo e outros metais pesados) da lagoa de rejeitos da Indústria de Papel e Celulose de Cataguazes (MG) no Rio Pomba, que corta o norte e noroeste do Estado do Rio. ?O desastre ambiental demonstra que houve negligência dos órgãos que deveriam acompanhar o estado da lagoa de rejeitos e a contenção dos riscos de vazamento?, disse ele. Segundo Junger, a situação é muito grave, e o abastecimento do Grande Rio será afetado. Ele afirma que autoridades mineiras não alertaram o Estado do Rio sobre a gravidade do acidente. O vice-governador do Rio, Luiz Paulo Conde, classificou de ?uma vergonha? a demora na comunicação do vazamento. A barragem de contenção da lagoa de rejeitos rompeu-se na sexta-feira, mas, até a manhã desta segunda-feira, a Defesa Civil do Estado do Rio não havia recebido qualquer comunicado oficial sobre o vazamento. ?É uma vergonha. O acidente aconteceu na sexta-feira, mas a Fundação de Meio Ambiente de Minas não tem plantão?, criticou Conde. O prefeito do município fluminense de Santo Antônio de Pádua, Luiz Fernando Padilha, disse ter tomado conhecimento do fato apenas pela imprensa. ?Não recebi nenhum comunicado de Minas. Só fui saber do problema pela mídia?, afirmou. Padilha decretou nesta segunda estado de emergência na cidade, onde a situação é mais crítica. O vazamento de produtos químicos contaminou o Rio Pomba, que desemboca no Rio Paraíba do Sul. Por isso, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) suspendeu a captação de água do Rio Pomba para Santo Antônio de Pádua e mais dois municípios do noroeste fluminense: Miracema e Aperibé. ?Estamos sem água tratada há mais de 40 horas e não há previsão de quando isso vai ser normalizado. Isso, em uma cidade com cerca de 40 mil habitantes, é um grande problema?, disse o prefeito. O secretário estadual de Defesa Civil, coronel Carlos Alberto de Carvalho, esteve nesta segunda no local do vazamento. Por causa dos produtos químicos, entre os quais enxofre, soda cáustica, anilina e hipoclorito de cálcio, a água do Rio Pomba está escura. ?A água é preta. A população não deve consumi-la para nada. Nem mesmo para lavar roupa, pois o contato da água com a pele causa irritação.? Pelo menos seis municípios do Rio ? Santo Antônio de Pádua, Aperibé, Miracema, Cambuci, São Fidélis e Campos ? foram atingidos. A situação é mais complicada em Santo Antônio de Pádua, cidade que tem praticamente toda a economia ligada ao rio. ?O impacto ambiental para a comunidade é grave. É a segunda região produtora de tomate do Estado, e deve haver um impacto grande, porque a água do rio não poderá ser utilizada para irrigação. O preço do tomate, que já está alto em razão da pouca oferta, deverá aumentar mais.? A pecuária local também deve ser afetada. A governadora Rosinha Matheus (PSB) disse que acionou a Petrobras para auxiliar na contenção do vazamento. Duas equipes foram enviadas ao local. Segundo ela, o governo do Estado mobilizou 13 carros-pipa para abastecimento de hospitais e escolas da região. Um equipe da Defesa Civil do Rio está em Minas para avaliar o problema ocasionado por uma queda de barreira.

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