Aumenta impacto do aquecimento global sobre corais

Mais de 430 casos de descoloração de corais, relacionados ao aumento de temperatura dos oceanos, foram registrados, só em 2002

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O ano de 2002 ainda nem terminou e já está sendo considerado o segundo pior da história para os corais: foram registrados, desde janeiro, pelo menos 430 áreas de corais seriamente descoloridas, devido ao aumento da temperatura dos oceanos, um fenômeno associado ao aquecimento global. A região mais atingida, segundo relatório divulgado, hoje, na Malásia, pelo Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Pnuma), foi a Grande Barreira de Corais da Austrália. Em seguida vêm os recifes de corais das Filipinas, Indonésia, Malásia, Japão, Palau (país-ilha localizado a leste das Filipinas), Ilhas Maldivas, Tanzânia, Ilhas Seychelles, Belize, Equador e Estados Unidos (costa da Flórida). O relatório contempla dados fornecidos por 20 países e é um esforço conjunto do Pnuma, da Rede Internacional de Ação dos Recifes de Corais (Icran) e do WorlFish Center. Todas as informações coletadas através dessa parceria estão reunidos num banco de dados, disponível na Internet (http://www.reefbase.org). A ocorrência de descolorações vem sendo comparada com índices de anomalias na temperatura dos oceanos, mapeadas pela National Oceanic Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos. Devido à forte correlação entre a temperatura dos oceanos e as alterações nos corais, pesquisadores da NOAA já estão conseguindo prever a ocorrência de descolorações, como foi feito, este ano, no Havaí e nas Ilhas Howland e Baker, no Equador. A descoloração ocorre devido a condições de estresse, quando os corais expelem as micro algas, que vivem em seus tecidos e das quais retiram alimento e energia. Dependendo do grau de intensidade do fenômeno, o comprometimento pode variar de um simples evento anual à morte de boa parte do recife, que então leva muitos anos para se refazer. Desde 1963, quando tiveram início levantamentos mais sistemáticos do estado de conservação dos corais em todo o mundo, o pior ano foi 1998. Devido à ocorrência de um forte El Niño, fenômeno climático associado ao aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, um grande número de áreas sofreram graves processos de descoloração. De acordo com a diretora do WorldFish Center, na Malásia, Meryl Williams, os impactos, este ano, são menores do que em 1998. ?Mas estamos preocupados com suas conseqüências de longo prazo para os próprios corais e para as pessoas que os exploram?, diz. ?Muito vai depender de como os corais vão se recuperar e de quantos eventos de descoloração ainda vão acontecer nos próximos anos?. A morte dos corais, vale lembrar, ameaça seriamente as espécies de peixes, moluscos, crustáceos, tartarugas e baleias, que dependem deste habitat para sobreviver. Sua perda também aumenta a vulnerabilidade das zonas costeiras a ressacas, tsunamis, maremotos e furacões. Além dos eventos de descoloração, os corais sofrem intensos processos de degradação por coleta (dos próprios corais), superexploração da pesca, poluição por esgotos, derramamentos de óleo e excesso de sedimentos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.