O papa Bento XVI reconheceu as "virtudes heroicas" da brasileira Dulce Lopes Pontes, a Irmã Dulce. Esse reconhecimento é o primeiro passo no processo que pode levar à canonização, quando um fiel católico já morto é reconhecido como santo pela Igreja.
Maria Rita Lopes Pontes, que adotou o nome de Dulce, pertenceu à Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Concepção da Mãe de Deus. Nasceu em Salvador, na Bahia, em 26 de maio de 1914 e morreu na mesma cidade, em 13 de março de 1992.
A decisão de reconhecimento já havia sido tomada em janeiro pela Congregação para a Causa dos Santos, formada por cardeais, bispos e teólogos, mas aguardava a assinatura do papa para tornar-se oficial.
No documento encaminhado para a ratificação do papa Bento XVI, Irmã Dulce é apontada como "a Madre Teresa do Brasil".
Segundo o padre italiano Paolo Lombardo, postulador do processo de beatificação da religiosa, que esteve em Salvador no início do ano, a Igreja passaria a avaliar os milagres por intercessão de Irmã Dulce.
"Esperamos que no ano que vem, mais tardar em 2011, ela seja beatificada", disse ele, na época. Depois disso, abre-se novo processo para que Irmã Dulce seja considerada santa.
O caminho para canonização tem várias etapas intermediárias. A primeira é de venerável servo de Deus, depois a de beato e, por fim, santo. O título de venerável se dá à pessoa morta que tenha vivido as virtudes de "forma heroica". Para o venerável ser beatificado, é preciso que o Vaticano reconheça um milagre operado por sua intercessão. A canonização vem após um segundo milagre.
Além da Irmã Dulce, tiveram suas virtudes reconhecidas nesta sexta-feira, 3, outros nove religiosos, entre eles outras duas freiras latino-americanas: a mexicana Manuela de Jesús Arias Espinosa e a peruana Teresa de la Cruz Candamo Álvarez Calderón.
O papa autorizou ainda a publicação do decreto de beatificação da freira italiana María Pierina De Micheli (1890-1945).
(com Tiago Décimo, de O Estado de S. Paulo)