Blitz do Ibama descobre jacaré mantido em cercado

Jacaré-açu de três metros é usado como atração para turistas em área imprópria

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um jacaré-açu de três metros de comprimento é mantido em um cercado de cinco metros quadrados há dois anos em um flutuante (casa sobre o rio) próximo ao município de Iranduba, a 25 quilômetros de Manaus. O animal confinado foi encontrado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) em uma blitz feita na quarta-feira em busca de crianças que exibem animais silvestres a turistas. Nenhuma criança exibindo animais foi encontrada pelo Ibama na blitz. O procurador do Ibama, Carlos Alberto de Queiroz Barreto, que há um mês esteve no local advertindo os moradores sobre o uso ilegal de mão-de-obra infantil e sobre os maus tratos aos animais silvestres, acredita que as comunidades se comunicaram entre si para evitar que alguém fosse pego novamente e fossem multados. "Sabemos que é algo cultural, mas que tem de ser combatido nas blitze", disse o procurador. Nos hotéis de selva e flutuantes visitados por turistas brasileiros e estrangeiros nos arredores de Manaus é comum ver crianças segurando cobras, jacarés, bichos-preguiça, macacos e araras para os turistas fotografarem ou filmarem. "Não há autorização do Ibama para isso. As araras, por exemplo, têm suas asas quebradas para não voarem", conta a veterinária do Ibama, Branca Tressoldi. "Os animais são maltratados e as crianças correm o risco de serem machucadas pelos animais assustados." O jacaré-açu encontrado pela equipe do Ibama é exposto aos turistas no Flutuante do Belo, próximo à comunidade São Pedro, em Iranduba. O proprietário, Luis Belo, que foi autuado pelo Ibama, apresentou um projeto para aumentar o espaço para o animal. "Os turistas só param aqui para ver o bicho. Se tirarem, tiram nosso meio de subsistência", afirmou Belo, que vende artesanato e refrigerantes no local. O projeto para aumentar o espaço para o jacaré para mantê-lo no cativeiro será estudado pelo Ibama. Segundo Branca, se for decidido pela soltura do animal, não haverá necessidade de adaptá-lo ao habitat natural, já que ele foi capturado adulto. Segundo Belo, o jacaré não come muito. "Passou o mês de maio sem querer comer. Mas damos comida dia sim, dia não, frango ou peixe fresco", afirmou. Apenas um frágil cercado de madeira separa o animal dos turistas.

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