Brasileiros descobrem chave para combater cancro cítrico

Grupo isola e sintetiza feromônio sexual do inseto minador-dos-citros, e pode agora produzir armadilhas nos pomares

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Por Agencia Estado
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A perseguição ocorre há algumas décadas. Vários grupos de pesquisa no mundo tentavam sintetizar o feromônio sexual da praga conhecida como minador-dos-citros, um facilitador do cancro cítrico. Na próxima sexta-feira, durante a Semana da Citricultura, em Cordeirópolis (SP), o anúncio do fim da procura será feito em português. Pesquisadores isolaram e sintetizaram a substância química produzida pela praga dos citros e vão agora utilizar o feromônio em armadilhas, para capturar e monitorar o inimigo dentro dos pomares. ?Nosso grupo escolheu um caminho diferente dos demais. Investigamos o comportamento sexual do inseto e, por meio disso, conseguimos obter informações importantes?, disse Maurício Bento, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). Etapas ?Foi por causa da escolha que conseguimos conhecer quem produzia o feromônio sexual (que, no caso, são as fêmeas), a idade em que isso ocorre (durante o primeiro e o segundo dia de vida) e o horário de acasalamento (uma hora antes até 30 minutos depois do amanhecer)?, explicou Bento. Segundo ele, todas as etapas são fundamentais para a obtenção do feromônio sexual. ?O feromônio é específico de cada praga, o que o torna altamente interessante do ponto de vista de manejo?, disse Bento. Glândulas O sucesso do resultado veio depois da extração de 5 mil glândulas de fêmeas virgens. Com essa nova arma, a expectativa é conseguir barrar o cancro cítrico, mal que devasta as plantações dos citricultores e que está presente em todo o mundo. ?No Brasil, a praga foi constatada pela primeira vez em 1996, no interior de São Paulo, mas não se sabe ao certo como o minador-dos-citros entrou no País?, explicou Bento. As galerias formadas pela praga nas folhas tornam mais fácil a penetração da bactéria do cancro cítrico. Pesquisadores O grupo que participou da descoberta contou com José Roberto Parra e Ana Lia Pedrazzoli, ambos da Esalq, Walter Leal, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e Evaldo Vilela, da Universidade Federal de Viçosa (MG). A empresa japonesa Fuji Flavor também participou dos estudos, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).

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