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Brenner, Sulston e Horvitz ganham Nobel de Medicina

Com isso, o Instituto Karolinska, encarregado todo ano pela Fundação Nobel de selecionar os premiados na área, volta a condecorar cientistas dedicados ao estudo do comportamento celular, o que já ocorreu sete vezes nos últimos dez anos

Por Agencia Estado
Atualização:

As pesquisas sobre regulação genética do desenvolvimento dos órgãos e a morte programada das células, fenômeno conhecido como "o suicídio das células", renderam aos britânicos Sydney Brenner e John E. Sulston e ao americano Robert Horvitz o Prêmio Nobel de Medicina. Com isso, o Instituto Karolinska, encarregado todo ano pela Fundação Nobel de selecionar os premiados na área, volta a condecorar cientistas dedicados ao estudo do comportamento celular, o que já ocorreu sete vezes nos últimos dez anos. Importância A decisão mostra a grande importância que essas pesquisas têm atualmente por suas implicações na luta contra o câncer e outras doenças. Brenner, da Universidade de Berkeley; Horvitz, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT); e Sulston, do Sanger Centre de Cambridge (Reino Unido), acompanharam minuciosamente a divisão e especialização celular desde o embrião até o indivíduo adulto, usando como modelo o verme Caenorhabditis elegans, um nematóide, o primeiro animal a ter o genoma totalmente decifrado. Em comunicado distribuído nesta à imprensa, o instituto afirma que os três especialistas conseguiram identificar nesse pequeno verme os genes mais importantes que regulam o desenvolvimento dos órgãos e o suicídio das células, além de demonstrar que há genes similares em organismos mais desenvolvidos, incluindo no do homem. Morte celular "A descoberta tem importante significado para a pesquisa médica e aprofunda a compreensão da origem de toda uma série de doenças", ressalta o comunicado. O corpo humano é formado por centenas de tipos de células diferentes, procedentes do embrião, que, ao se dividirem, vão gerando continuamente novas formações celulares que amadurecem e se especializam para constituir os diversos órgãos e tecidos. A morte celular programada é um processo natural em que milhões de células morrem a cada dia, enquanto se cria um número similar de células novas. "O conhecimento da morte programada das células nos ajudou a compreender os mecanismos pelos quais alguns vírus e bactérias invadem nossas células", disse o instituto. "Também sabemos que na aids, em doenças neurovegetativas, embolia e enfarte cardíaco se perdem células como resultado de um excessivo número de mortes celulares", escreveram seus assessores. Muitos pesquisadores, entre eles os que concentram seus estudos no câncer, investigam agora o fenômeno do "suicídio das células" e numerosos tratamentos já se baseiam na estimulação do programa de morte celular programada. Sulston "Sinto-me muito emocionado e honrado por ter sido reconhecido desta maneira", disse sir John Sulston, a respeito do Nobel. Nascido em 27 de março de 1942 na Inglaterra, o cientista é considerado um dos artífices do projeto público de seqüenciamento do genoma humano. Doutorado em química orgânica pela Universidade de Cambridge, Sulton trabalhou para o Salk Institute de La Jolla, na Califórnia (EUA), nos anos 60. No fim da década voltou para Cambridge, onde se dedicou à pesquisa do Caenorhabditis elegans. Com seus colegas da Universidade de Washington publicou o mapa genético dessa espécie em 1990. Oito anos depois, sua equipe concluiu o seqüenciamento, o primeiro realizado num animal. Em meio a esse trabalho, em 1992, assumiu a direção do Sanger Centre, que, com o patrocínio da empresa Glaxo Wellcome, se lançou no ambicioso projeto de seqüenciamento do genoma humano. Cientista discreto, que usa barba e anda de sandálias e num carro velho, Sulston se descreve como "um filho dos anos 60" e é um crítico implacável da mercantilização da ciência. Brenner e Horvitz O outro premiado do Reino Unido, Sydney Brenner, nasceu em 13 de janeiro de 1927 na África do Sul, mas se naturalizou britânico. Depois de diplomar-se na Universidade Witwartersand de Joannesburgo, em 1951, obteve o doutorado em Oxford, na Grã-Bretanha, em 1954. Atualmente, é cientista do Instituto de Ciências Moleculares de Berkeley, nos Estados Unidos. Seus descobrimentos com o Caenorhabditis elegans em pesquisa que contou, já em 1969, com a colaboração do grupo de Sulston, foram a base para esse Nobel. Durante o estudo dos complexos processos de comportamento celular, Sulston identificou a primeira mutação de um gene no processo, enquanto Horovitz, que se uniu ao grupo posteriormente descobriu e caracterizou genes-chave que controlam a morte das células no verme. Nascido em 8 de maio de 1947, Horovitz estudou e doutorou-se na Universidade de Harvard, em 1974. Em 1978, começou a trabalhar como professor assistente no MIT, passou a professor associado em 1981 e a titular de sua cátedra em 1986. É membro da Academia de Ciências dos Estados Unidos desde 1991.

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