PUBLICIDADE

Calor provoca poluição por ozônio em São Paulo

Concentração do poluente aumenta sensivelmente nos meses mais quentes do ano, com conseqüências para a saúde da população

Por Agencia Estado
Atualização:

A Companhia de Tecnologia em Saneamento Ambiental (Cetesb) determinou estado de atenção ontem em dois locais na Região Metropolitana de São Paulo - Santo André-Capuava e Mauá -, porque as concentrações de ozônio estavam acima dos padrões. Além destes, as condições do ar estiveram inadequadas em Santana, Ibirapuera, Diadema, Santo Amaro e Cubatão-Vila Parisi. Desde sábado, já foram declarados oito estados de atenção pelo mesmo motivo e o problema deverá continuar hoje, já que permanece o calor e as condições são desfavoráveis à dispersão de poluentes. Ao contrário do senso comum, que associa a poluição em São Paulo aos meses de inverso, atualmente o poluente que mais vezes ultrapassa o padrão de qualidade do ar é o ozônio, cuja presença na atmosfera aumenta sensivelmente nos meses mais quentes, quando a irradiação solar é maior. Como os picos de concentração acontecem entre 13 e 16 horas, a Cetesb recomenda que a população evite a prática de esportes e esforço físico nesse horário. Os altos níveis de ozônio (O3) passaram a chamar a atenção dos especialistas na medida em que baixaram os níveis de monóxido de carbono (CO) e outros poluentes. No bairro de Cerqueira César, por exemplo, não há ultrapassagem do padrão de CO desde 1997. Somente neste ano, a Cetesb detectou 123 vezes a ocorrência de ozônio acima dos padrões, enquanto para o monóxido de carbono foram 49 vezes. Diferente do ozônio estratosférico - que forma uma camada protetora contra a radiação ultravioleta -, esse tem efeitos bastante danosos para a saúde humana e para a vegetação. As conseqüências mais comuns da exposição ao ozônio são irritação nos olhos, vias respiratórias e o agravamento de doenças respiratórias preexistentes, como a asma. Sabe-se também que a exposição repetida ao ozônio pode tornar as pessoas mais suscetíveis a infecções respiratórias e inflamação nos pulmões. Mesmo adultos e crianças saudáveis estão sujeitos aos efeitos danosos causados pelo ozônio se expostos a níveis elevados durante a prática de exercícios físicos. Em plantas, os efeitos referem-se à diminuição na taxa de crescimento, aumento da vulnerabilidade a insetos e problemas de pigmentação, devido a alterações de fotossíntese. Um dos problemas para o combate à esse tipo de poluição é que o ozônio não é um poluente emitido diretamente pelas fontes, como o monóxido de carbono. É formado na atmosfera através da reação entre compostos orgânicos voláteis (liberados através de evaporação de gasolina, solventes, refinarias, usinas de asfalto, fabricação de borracha e emissão de veículos) e óxido de nitrogênio (resultante de qualquer queima, seja combustível de carro até fogão de cozinha), na presença da luz solar. Para complicar, estudos realizados nos Estados Unidos mostram que sua formação e sua localização dependem ainda de questões meteorológicas, como ventos e umidade, e até da posição do relevo. Assim, apesar das emissões serem maiores nos grandes centros urbanos, os níveis mais altos de ozônio podem acontecer na periferia e até em cidades vizinhas. Segundo Jesuino Romano, gerente do Departamento de Qualidade do Ar da Cetesb, o Ibirapuera é a estação com o maior número de ultrapassagens do padrão de O3 em São Paulo e muitos desses episódios acontecem nos finais de semana.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.