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Campo magnético estimula ação de microorganismos

Pesquisador estuda o uso deste recurso no controle de micróbios e na produção de enzimas de interesse comercial

Por Agencia Estado
Atualização:

O pesquisador André Gasparetto, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), demonstrou pela primeira vez na literatura científica que campos magnéticos influem diretamente na ação de microorganismos, podendo estimulá-la ou reduzi-la. O estudo de Gasparetto mostrou que, sob determinada influência de carga magnética, uma levedura de Candida albicans (causadora da candidíase) tornou-se muito mais agressiva, aumentando o potencial de produção de exoenzimas e favorecendo a ação infecciosa. A constatação permite estudar a aplicação de campos magnéticos em tratamento de processos infecciosos ou até mesmo desenvolver um antibiótico magnético, se obtido o efeito inverso ao verificado no estudo. Gasparetto vem testando a aplicação de campos magnéticos para melhor absorção de água por polímeros e vê a possibilidade de produzir enzimas microbianas de interesse comercial. Por acaso Pesquisador da área de Odontologia, Gasparetto procurou aumentar a absorção de água em polímeros usados em próteses dentárias. Isso facilita a aderência de microorganismos ao polímero e, segundo o cientista, possibilita que se desenvolva uma espécie de filtro microbiano com diversos usos. "A influência dos campos magnéticos aumenta a absorção de água deste polímero, o que facilita a formação de colônias de microorganismos", disse ele à Agência USP. A descoberta começou por acaso. "Estava cultivando colônias de Candida albicans em uma estufa quando um dia vi que elas cresciam todas orientadas na mesma direção. Isso só pode ser um campo magnético", conta. Ele avançou nos estudos sobre o polímero e concebeu um sistema composto basicamente de duas placas paralelas de magnetita, que são ímãs naturais. O custo de fabricação é extremamente baixo. O estudo já foi publicado nos Abstracts da Bioelectromagnetics Society. Teve o apoio da Universidade de Minho (Portugal) e da Universidade Estadual de Maringá, onde Gasparetto é professor.

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