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Câncer infantil cresce em países em desenvolvimento

Autoridades priorizam doenças infecciosas enquanto câncer fica sem tratamento adequado

Por Agencia Estado
Atualização:

A dimensão do câncer como um fator de mortalidade infantil em países em desenvolvimento é um problema que não tem sido tratado adequadamente por organizações de saúde nacionais ou internacionais, segundo pesquisadores do St. Jude Children?s Research Hospital, nos Estados Unidos. O aumento do problema está ocorrendo simultaneamente à medida que cai o número de mortes por doenças infecciosas, resultado dos esforços de entidades como a Organização Mundial de Saúde (OMS). ?Mais de 60% das crianças do mundo têm pouco ou nenhum acesso a terapias eficientes contra o câncer. As taxas de sobrevivência nesses casos são muito inferiores às encontradas em países com sistemas de saúde mais avançados?, disse Ching-Hon Pui, diretor da Divisão de Leucemia e Linfomas do hospital norte-americano. ?Apesar disso, a OMS e outras organizações internacionais nem ao menos listam doenças crônicas, como o câncer, como prioridades em suas agendas.? Pui é um dos autores de um editorial sobre desigualdades geográficas no tratamento do câncer pediátrico publicado na edição de 26 de maio do New England Journal of Medicine. O pesquisador afirma que a decisão das entidades de saúde internacionais em direcionar seus esforços ao combate a doenças infecciosas tem deixado muitas crianças com câncer em regiões da Ásia, América Central, América do Sul, África e Oriente Médio sem acesso a tratamentos efetivos. A crescente taxa de mortalidade causada pelo câncer infantil em países em desenvolvimento é considerada ainda mais trágica pela existência de estratégias que poderiam reverter o problema. Uma delas é o processo de cooperação entre instituições, que tem sido conduzido em diversos países por iniciativa da Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica e de entidades norte-americanas e européias. O programa recruta oncologistas dos países em que é aplicado para dirigir as iniciativas locais. As instituições dos países mais ricos entram com apoio científico e medicamentos. Um exemplo está sendo conduzido em partes da África, com o tratamento de crianças com linfoma de Burkitt - que atinge áreas fora do sistema linfático, como a medula óssea, o sangue e o sistema nervoso central - com ciclofosfamida. Outra alternativa que poderia amenizar o problema é a ampliação da área de abrangência da pesquisa do câncer para incluir casos e experiências de países em desenvolvimento.

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