Atualizada às 18h03
Depois de um adiamento de 24 horas causado por uma anomalia técnica, a Nasa lançou ao espaço nesta sexta-feira, 5, a cápsula Orion. O objetivo da missão é testar diversas tecnologias da nave, que deverá ser usada para levar astronautas a Marte na década de 2030.
Acoplada ao foguete Delta IV-Heavy - considerado o mais poderoso foguete de lançamento da atualidade -, a versão não-tripulada da Orion foi lançada às 10h05 (hora de Brasília), da base de Cabo Canaveral, na Flórida (Estados Unidos). Depois de dar duas voltas em torno da Terra, atingindo a altitude de 5,8 mil metros, a nave caiu suavemente no Oceano Pacífico às 14h28.
De acordo com a Nasa, a nave poderá fazer seu primeiro voo tripulado em 2021, com um provável sobrevoo da Lua. A previsão é que a Orion transporte pelo menos quatro astronautas em missões de até 21 dias de duração. A Orion é a primeira nave norte-americana desde a missão Apolo - encerrada em 1972 - capaz de levar tripulantes para além da órbita terrestre.
Para esse voo de teste, o poderoso foguete Delta IV Heavy, da altura de um prédio de 24 andares, transportou a cápsula de 8,6 toneladas. A United Lauch Alliance, uma parceria da Lokheed Martin com a Boeing, que constrói e opera o foguete, adiou o lançamento em um dia para resolver um problema em válvulas da primeira fase do sistema propulsor.
Depois do lançamento, o foguete perfurou o céu parcialmente nublado sobre o Oceano Atlântico, enquanto carros lotavam quilômetros de estradas próximas ao local, reunindo milhares pessoas para ver o lançamento.
A Orion entrou em uma órbita elíptica e chegou a 5,8 mil quilômetros de altitude - 14 vezes a distância da Estação Espacial Internacional, que está em órbita a 420 quilômetros do solo. Há mais de 40 anos nenhuma espaçonave capaz de levar tripulantes chegou tão longe da Terra.
A cápsula entrou de volta na atmosfera a uma velocidade de mais de 32 mil quilômetros por hora. Freada por três paraquedas, a espaçonave caiu no Oceano Pacífico, a mil quilômetros da costa mexicana da península da Baixa Califórnia, onde foi resgatada pelo navio USS Anchorage, da Marinha norte-americana.
Um dos principais objetivos do voo, com custo de mais de US$ 300 milhões, foi o de testar o escudo térmico da nave, que deve resistir a temperaturas de 2.200 graus Celsius na volta à atmosfera terrestre, além de provar o sistema de paraquedas e os computadores de bordo. A cápsula foi enviada com 1200 instrumentos para captar e medir as vibrações, o nível de ruído e a temperatura.
A Nasa já investiu mais de US$ 9 bilhões no desenvolvimento da Orion, que deverá fazer um segundo voo de teste sem tripulação dentro de cerca de quatro anos.
A Orion é a primeira nave espacial desenvolvida pelos Estados Unidos nos últimos 30 anos. A última havia sido a Atlantis, que voou pela primeira vez com astronautas em 1981 e encerrou suas atividades em 2011. As futuras missões da Orion além da órbita terrestre dependerão do desenvolvimento em curso de um novo lançador de grande capacidade - o Space Launch System (SLS). No total, a Orion e o SLS deverão custar de US$ 19 bilhões a US$ 22 bilhões.
Exploração de asteroides. Na última quarta-feira, 3, o Japão lançou com sucesso a sonda Hayabusa-2, que fará uma viagem de seis anos até o encontro com um asteróide. A sonda colherá amostras do asteróide que, segundo a Agência Japonesa de Exploração Espacial (Jaxa) , ajudarão a revelar as origens da vida na Terra. O lançamento foi realizado a partir da base de Tanegashima, no sul do país, à 1h22 (horário de Brasília). Depois de uma hora e 47 minutos, a sonda se separou do foguete, conforme o previsto.
O Hayabusa-2 viajará em direção ao 1999 JU3, um asteróide primitivo de menos de um quilômetro de diâmetro, onde deverá chegar na metade de 2018. No asteróide, a sonda deverá liberar o veículo robotizado Minerva-2 e o módulo de pouso Mascot, projetado pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES) da França e pelo Centro Aeroespacial Alemão (DLR), para colher as amostras da superfície e do subsolo. Ao recolher amostras do asteróide, que contém carbono e água, os cientistas esperam descobrir quais matérias orgânicas se concentravam no Sistema Solar na época de sua formação.
Para recolher a poeira do 1999 JU3, a sonda lançará um instrumento sobre a superfície do asteróide e se esconderá em outro lado do objeto. O instrumento projetará uma bola de metal para abrir uma cratera de vários metros de diâmetro. Depois do bombardeio, a sonda reunirá as amostras e iniciará a viagem de volta. O Hayabusa-2 deverá voltar à Terra em 2020. A primeira versão do Hayabusa, lançada em 2003 rumo ao asteróide Itokawa, chegou ao destino depois de sete anos, depois de inúmeros incidentes técnicos.