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Cardiologistas alertam para o perigo dos anabolizantes

Os anabolizantes agem em todos os músculos do corpo, aumentando o tamanho deles. Como o coração é formado por um músculo, sofre os mesmos efeitos

Por Agencia Estado
Atualização:

Cardiologistas alertam para o perigo do uso de anabolizantes sem orientação médica. A prática é adotada em academias de ginástica por quem deseja adquirir massa muscular em pouco tempo. Além de causar problemas hormonais e infertilidade, os anabolizantes provocam doenças cardíacas. O alerta faz parte da programação do 23º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), marcado para o próximo mês. Os anabolizantes agem em todos os músculos do corpo, aumentando o tamanho deles. Como o coração é formado por um músculo, sofre os mesmos efeitos. O médico Cláudio Pavanelli, diretor do Departamento de Educação Física da Socesp, explica que o crescimento do músculo cardíaco, provocado pelos anabolizantes, faz o tamanho da cavidade cardíaca diminuir. Em um atleta que não toma anabolizantes, o músculo cardíaco também cresce - resultado do treinamento físico. Mas o crescimento envolve todo o coração, aumentando o tamanho de sua cavidade. "No caso dos anabolizantes, o músculo cardíaco fica mais espesso, por isso a cavidade cardíaca diminui. Como conseqüência, o indivíduo desenvolve hipertensão." Como quem toma anabolizante não admite usar a droga, os especialistas têm um problema a mais nas mãos: não se sabe o tamanho exato do consumo. Estima-se que 5% de quem se exercita em academias usa anabolizantes. "Essas pessoas só admitem usar a substância quando aparece um problema de saúde e têm de procurar um médico", diz Pavanelli. Apesar de serem vistos como vilões, os anabolizantes têm aplicação na medicina para tratar algumas doenças. São indicados para pacientes que ficaram muito tempo de cama e precisam ganhar musculatura, por exemplo. Um estudo recente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que um tipo de anabolizante é eficaz no tratamento de osteoporose em mulheres com 70 anos ou mais. Depois de acompanhar, por dois anos, 65 portadoras da doença, o geriatra Alberto Frisoli Júnior, da Unifesp, constatou que o uso do anabolizante decanoato de nandrolona melhorou a massa óssea das que tomaram a substância e preveniu novas fraturas. Os efeitos foram observados principalmente nos quadris das pacientes - região que, quando fraturada, é a que causa mais problemas na recuperação da paciente.

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