Cassini determina fonte de jatos de gelo em lua de Saturno

Fissuras apelidadas de 'listras de tigre' disparam gêiseres de água e traços de matéria orgânica ao espaço

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Por Carlos Orsi e com agências internacionais
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A sonda espacial Cassini, projeto conjunto da Nasa e da Agência Espacial Européia (ESA) localizou a origem exata dos jatos de cristais de gelo que emergem da superfície de Encélado, uma lua geologicamente ativa do planeta Saturno. Imagens feitas durante um vôo excepcionalmente baixo da sonda pela lua - no início da semana, a Cassini passou a 50 km da superfície, a uma velocidade de mais de 60 mil km/h. A equipe da Nasa usou uma técnica especial para cancelar o borrão da alta velocidade nas imagens, e obter fotos nítidas das "listras de tigre", fraturas alongadas na superfície que marcam o hemisfério sul da lua, e da onde emanam os jatos. As laterais das fraturas mostram extensos depósitos de um material granulado. Um terreno coberto por blocos de gelo com dezenas de metros, e até do tamanho de casas, cercam essas áreas. "Este é o veio principal para nós", diz a líder da equipe de captação de imagens da Cassini, Carolyn Porco, em nota distribuída pela Nasa. "Um lugar que poderá revelar que tipo de ambiente, habitável ou não, existe nesta pequena lua torturada". Um dos resultados da passagem da Cassini a baixa altitude foi a localização, dentro das fraturas, dos pontos da onde os jatos emitem as partículas de gelo, vapor e material orgânico para o espaço. Pesquisadores esperam usar os dados para determinar se há um reservatório de água em estado líquido sob a superfície. As "listras de tigre" têm nomes de cidades do Oriente Médio, como Damasco, Cairo e Bagdá. O padrão adotado para batizar o relevo de Encélado é o de usar nomes que aparecem nas Mil e Uma Noites. Duas outras passagens da Cassini por Encélado estão previstas para outubro, sendo que em uma delas a aproximação chegará a 25 km. A lua mede 500 km de diâmetro, ou sétimo do diâmetro da Lua da Terra. A Cassini foi lançada no final do século passado e chegou a Saturno em 2004. Recentemente sua missão, prevista para durar quatro anos, foi renovada. Ela levou da Terra a sonda européia Huygens, que foi lançada na superfície de Titã, uma lua que tem uma densa atmosfera de hidrocarbonetos, e que enviou imagens de seu mergulho na camada de gases, em 2005. Recentemente, análise de dados de Titã obtidos pela Cassini permitiu que cientistas afirmassem que a lua possui lagos de hidrocarboneto em sua superfície, tornando-se o segundo corpo do Sistema Solar onde foi comprovada  apresença de material em estado líquido na superfície, depois da Terra.

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