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Células-tronco podem desenvolver gametas, diz estudo

A intenção é fornecer uma possibilidade de reprodução para casais inférteis

Por Agencia Estado
Atualização:

Um estudo de cientistas da Grã-Bretanha sugere que células-tronco extraídas de embriões humanos podem realmente se desenvolver artificialmente em óvulos ou espermatozóides. A intenção é fornecer uma possibilidade de reprodução para casais inférteis sem que precisem usar gametas de doadores, além de ajudar no entendimento sobre as etapas iniciais do desenvolvimento humano. A pesquisa está em estágio preliminar - nenhum gameta humano maduro foi produzido no laboratório - mas a equipe acredita estar no caminho certo. As células-tronco têm a capacidade virtual de formarem qualquer tipo de tecido humano. Corpo embrióide Em uma experiência feita na Universidade de Sheffield, o pesquisador Behrouz Aflatoonian conseguiu diferenciá-las em um grupo celular chamado corpo embrióide a ponto de ver genes que "funcionam" em gametas se expressarem. Em duas semanas de cultivo, surgiram algumas proteínas observadas em espermatozóides. A equipe, do Centro de Biologia de Células-Tronco da universidade, já havia produzido gametas de camundongos - passo dado também por outros laboratórios, como o do prestigiado Instituto Whitehead, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. Os resultados do time britânico serão apresentados na reunião da Sociedade Européia de Reprodução e Embriologia Humanas, que acontece na Dinamarca. Razões O impacto imediato, esperam os pesquisadores, é entender por que algumas pessoas não produzem gametas saudáveis, disse o cientista Harry Moore. O centro pretende investigar se poluentes químicos, como pesticidas que imitam a ação de hormônios, interferem na maturação de células germinativas e causam anomalias congênitas, infertilidade e câncer. "Ao usar testes adequados com células-tronco embrionárias, podemos estudar a ação destes produtos químicos no laboratório", disse Moore. Contudo, até a produção de gametas o cientista afirma que muitos anos de pesquisa serão necessários, principalmente pela dificuldade ainda presente de se fazer células-tronco embrionárias se diferenciarem no tecido que o pesquisador quer. Seguros "Precisaríamos provar que espermatozóides e óvulos produzidos nesta maneira são seguros antes de pensar em usá-los no tratamento de pacientes." A especialista em ética médica do Imperial College em Londres, Anna Smajdor, acredita que esta linha de pesquisa abre "novas e desafiantes possibilidades", como a utilização da técnica por casais gays que desejem um filho com relação genética. Ela lembra que o óvulo poderia ser criado a partir de células-tronco retiradas de um embrião clonado com material doado por um paciente. Além disso, a fertilidade feminina não estaria limitada pela menopausa. "Tais possibilidades levantam questões sobre como definimos paternidade e como aplicaremos esta tecnologia", diz.      leia mais sobre células-tronco

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