Cerrado deve desaparecer até 2030, prevê estudo

Quase metade do bioma já havia sido devastada em 1998, e o ritmo de desmatamento continua a aumentar

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

As conclusões de um amplo estudo da organização não-governamental (ONG) Conservação Internacional (CI-Brasil) alertam para o perigo de o cerrado brasileiro desaparecer até 2030, caso a taxa anual de desmatamento (1,5%, ou 3 milhões de hectares) do bioma se mantenha. De acordo com o levantamento feito entre os meses de setembro e novembro do ano passado, a partir de imagens satélites do ano de 2002, dos 204 milhões de hectares originais, 57% já foram completamente destruídos. "Mas a tendência é piorar", afirma o Ricardo Machado, diretor da CI-Brasil para o cerrado, e um dos autores do estudo. Segundo ele, a confrontação dos dados atuais com os dois últimos levantamentos globais feitos no País prova que o processo de degradação tem se acelerado. Um estudo publicado em 1994 - com base em dados de 1985 - pelo então professor da Universidade de Brasília (UnB) Bráulio Dias indicou que 37% do cerrado já havia sido desmatado. Índice que subiu para 49% em 1998, de acordo com estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Dez vezes maior "O cerrado perde 2,6 campos de futebol por minuto de sua cobertura vegetal. Essa taxa de desmatamento é dez vezes maior que a da mata atlântica, que é de um campo a cada quatro minutos", compara Machado. O diretor da CI-Brasil afirma que, atualmente, a principal pressão sobre o bioma é a expansão da fronteira agrícola, basicamente a produção de grãos, com destaque para as culturas de soja e algodão. Nas últimas décadas, segundo ele, o vetor principal foi a expansão da pecuária de corte. O estudo da ONG constatou que a degradação é maior nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso; no Triângulo Mineiro e no oeste da Bahia. A ONG chama a atenção para o fato de o cerrado abrigar "a mais rica savana do mundo, com grande biodiversidade, e recursos hídricos valiosos para o Brasil", mas cuja importância não é reconhecida.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.