Chefes de Estado fazem a transferência de sede

Otimismo político e possibilidade de novas parcerias marcam a cerimônia de encerramento da Rio+10 Brasil

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um disco feito de madeira certificada, simbolizando uma ?tocha? ambiental, passou das mãos do primeiro ministro da Suécia, Göran Persson, para o presidente Fernando Henrique Cardoso e foi repassado ao presidente da África do Sul, Thabo Mbeki. A transferência de sede das cúpulas mundiais sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável - de Estocolmo (1972) para o Rio de Janeiro (1992) e para Joanesburgo (2002) - ficou, assim materializada, no encerramento da reunião Rio+10 Brasil, hoje, no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. A tocha foi entregue aos três chefes de estado por três crianças cariocas, duas meninas chamadas Ana Luiza e o menino Victor, que também entregaram uma cópia da Agenda 21 ? o documento estratégico de ação da Rio92 ? confeccionada em tecido de fibra de tucum, uma palmeira amazônica, por integrantes da Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro, do estado do Amazonas. Os três chefes de estado saíram da reunião especialmente otimistas com a possibilidade de novas parcerias ou, como discursou o primeiro ministro sueco, representando legitimamente ?três continentes e 30 anos de esforços para a proteção de uma só Terra... e diante de uma nova era de cooperação e solidariedade?. O presidente Fernando Henrique Cardoso lembrou, aos líderes ali presentes, o dever ?de fazer um chamado a todos os membros da comunidade internacional, para que assumam suas responsabilidades na solução dos problemas, que nos afligem coletivamente?. Ressaltou ainda a importância do diálogo multilateral, incluindo as vozes da sociedade civil, e disse acreditar que o Brasil terá uma posição destacada em Joanesburgo, agora reforçada pelo estreitamento de laços com a África do Sul, Suécia e Reino Unido, cujos chefes de estado participaram ativamente do encontro encerrado no Rio de Janeiro. O mesmo otimismo é compartilhado pelo ministro Everton Vargas, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamarati, que enfatiza o papel de liderança assumido pelo Brasil nas negociações sobre ambiente. ?Acho que fechamos esse encontro com êxito e com maiores possibilidades de implementar a Agenda 21?, declarou o ministro. Ele tem acompanhado a formulação da Agenda 21 brasileira e acredita que, se Joanesburgo fracassar, também fracassam anos de negociações multilaterais e de pressões dos países em desenvolvimento. O presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, saiu do evento com a missão de levar uma carta de protesto à próxima reunião do G8 (o grupo dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia), iniciado hoje, no Canadá. Na carta, os três chefes de estado pedem maior participação e engajamento dos países ricos na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10). O documento, ainda não divulgado oficialmente, deverá conter críticas dos três líderes a algumas posições de países ricos, como a rejeição dos EUA ao Protocolo de Kyoto e reafirmar as três principais reivindicações brasileiras aos países desenvolvidos: mais financiamento para o Terceiro Mundo, maior acesso aos mercados agrícolas da Europa e EUA e mais transferência de tecnologia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.