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Chefes de Estado ouvem sugestões para a Rio+10

Chefes de Estado ouvem sugestões para a Rio+10 Audiência pública reúne algumas das maiores personalidades mundiais, que deram suas contribuições para a reunião de Joanesburgo

Por Agencia Estado
Atualização:

Os Chefes de Estado do Brasil, Suécia, África do Sul, Reino Unido e Jordânia, reunidos no Rio de Janeiro, hoje, para a Rio+10 Brasil receberam uma série de contribuições de ambientalistas, empresários, políticos e representantes de organismos internacionais, numa audiência pública, em que ouviram quase tanto quanto falaram. Algumas das contribuições serão levadas aos negociadores da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), em Joanesburgo, na África d o Sul, em agosto e setembro próximos e, outras, dirigidas mais especificamente aos países ricos, serão incorporadas à mensagem que o presidente sul africano Thabo Mbeki leva, amanhã (25/6), ao Canadá, para a reunião do G8, o grupo dos 8 países mais desen volvidos. Entre as sugestões mais concretas, destacou-se a do secretário estadual de Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg: "Nós, que trabalhamos nos bastidores da Rio92, há 10 anos, sabemos o quanto é difícil transformar grandes intenções e idéias em realidade, por isso destaco a sugestão, concreta e simples, de assesgurar 10% de energias renováveis na composição da matriz energética de cada país, uma proposta que traz embutidos os conceitos de justiça e eqüidade e é capaz de gerar empregos, reduzindo a pobreza". Outra proposta concreta foi a do ambientalista Paulo Nogueira Neto, primeiro secretário nacional de meio ambiente do Brasil, acerca das florestas secundárias. Segundo ele, "uma vez que as florestas secundárias, com seu crescimento, são capazes de absorver os gases do efeito estufa, proponho a criação de uma rede mundial de florestas secundárias para seqüestro de carbono e, aqui no Brasil, de um instituto brasileiro de unidades de conservação, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, para cuidar dos milhões de hectares de florestas secundárias, que temos em formação". O economista Ignacy Sachs sugeriu uma estratégia global de transição econômica, que incorpore o princípio de responsabilidade diferenciada, para o Norte e para o Sul, e uma reorganização da contabilidade ambiental. Já para Thomas Lovejoy, do Banco Mundia l (Bird), foi importante destacar que "a pobreza é tão responsável pela devastação ambiental, quanto a destruição do meio ambiente está na origem do aumento da pobreza". Claude Martin, diretor internacional da entidade ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF) adiantou alguns resultados de um novo estudo, recém concluído por eles, segundo o qual "a riqueza ambiental do planeta decaiu 30%, enquanto o impacto ecológico mundial (a marca da humanidade sobre o meio ambiente) aumentou 50%". Neste ritmo, de acordo com os cálculos da ong, o mundo já precisaria produzir duas vezes a capacidade total da Terra para atender aos níveis de consumo dos recursos naturais, previstos para 2050. Steve Sawyer, do Greenpeace Internacional afirmou que vem procurando, há anos, o "tipo de liderança visto no pódio da Rio+10 Brasil" e espera que os Chefes de Estado levem em consideração as contribuições entregues numa carta, onde se trata de prioridade s energéticas, gestão de água, comércio e contabilidade ambiental. Israel Klabin, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) reforçou a importância de mudar o modelo macroeconômico, lembrando que "a pobreza não precisa de nenhum tipo de suporte, precisa de Justiça e de mudanças culturais, dos níveis de consumo insustentáveis e da transferência de recursos, hoje feita dos pobres para os ricos". Falaram ainda, o índio Moisés Pianko, do Alto Juruá, no Acre, cujas terras foram demarcadas há um ano. Ele destacou a importância da demarcação, entendida por eles como uma libertação, e a necssidade de trabalhar junto com as comunidades não índias do en torno de suas terras, para evitar invasões, com o objetivo de buscar recursos já destruídos fora de seus limites. O último a falar foi Rodrigo Agostinho, do Instituto Ambiental Vidágua, representante dos jovens, que, mais uma vez, lembrou aos líderes políticos o compromisso com as novas gerações: "Nossa geração não vai aceitar o fracasso da reunião de Joanesburgo. O s povos do mundo precisam acabar com a ganância e a geração de pobreza derivada da concentração de riquezas".

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