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Chernobyl matou 56 pessoas, afirma ONU

Número é muito menor do que os 100 mil divulgados à época da tragédia, pelas autoridades ucranianas

Por Agencia Estado
Atualização:

O maior acidente nuclear da História não provocou tantas mortes quanto se imaginava. Até agora, 56 vítimas fatais foram diretamente relacionadas à radiação liberada em 1986 pela usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia - na época uma república soviética. O número é bem menor que o divulgado pelas autoridades ucranianas, que falavam em mais de 100 mil mortos. O novo número foi divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com base num estudo elaborado por uma centena de cientistas e profissionais de saúde. Esse levantamento calcula também que 3.940 pessoas ainda deverão morrer de câncer - número também menor que os 8 mil estimados por estudos recentes e os 150 mil divulgados pelo governo ucraniano logo após a tragédia. As pessoas que deverão morrer em decorrência do acidente de 19 anos atrás estão entre os 200 mil funcionários que foram chamados para cuidar da limpeza e da reconstrução da área e os 400 mil habitantes da região do acidente. Dos 56 mortos em Chernobyl, 47 eram funcionários e 9 eram crianças, que morreram de câncer de tireóide. Quantidade de radiação As projeções exageradas ocorreram em parte por causa de erros nos cálculos sobre a quantidade de radiação à qual as pessoas foram expostas. Além disso, segundo um funcionário da ONU, os países afetados pelo acidente (inicialmente a União Soviética; depois, com seu fim, Ucrânia, Bielo-Rússia e Rússia) inflaram a gravidade do impacto com o objetivo de conseguir mais dinheiro. "Houve um grande interesse em criar uma imagem distorcida", disse o coordenador da ONU para os assuntos de Chernobyl, Kalman Mizsei. Ainda segundo o documento divulgado pelas Nações Unidas, na segunda-feira, esses números irreais e as conseqüentes preocupações acabaram criando graves problemas psicológicos na população afetada. "Houve uma tendência a atribuir todos os problemas de saúde à radiação, o que levou os habitantes a acreditar que as fatalidades relacionadas a Chernobyl foram muito maiores." Câncer de tireóide No relatório de 550 páginas, eles chegaram à conclusão de que não houve problemas genéticos ou reprodutivos entre os sobreviventes. Cerca de 4 mil pessoas desenvolveram câncer de tireóide, a maioria crianças e adolescentes em 1986. A taxa de sobrevivência, no entanto, foi de 99%. O estudo é o maior já feito sobre a tragédia nuclear de 1986. Entre os patrocinadores estão a Organização Mundial da Saúde (ligada à ONU), o Banco Mundial e os governos de Ucrânia, Rússia e Bielo-Rússia. Mortes prematuras O Greenpeace questionou a metodologia adotada pelos especialistas da ONU. "Eles só contaram mortes por câncer, mas não consideraram as mortes prematuras", disse Vladimir Chuprovc, coordenador do Greenpeace na Rússia. "Milhares de funcionários tiveram o sistema imunológico enfraquecido e agora estão mais suscetíveis a doenças, o que resultará em mortes prematuras."

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